Subsídios dos EUA deixam Europa para trás na corrida pela transição energética

EUA subsídios verdes
Trond R. Teigen / AP

A União Europeia passou boa parte da última década se colocando como candidata a hub global da transição energética, apostando bilhões de euros na expansão da geração de energia renovável e preparando o terreno regulatório, político e econômico para o boom verde em outros setores, como o dos carros elétricos.

Para as empresas de tecnologia verde, no entanto, os esforços europeus perderam brilho depois que o governo de Joe Biden conseguiu aprovar um pacote de incentivos para ação climática e transição energética nos Estados Unidos, no ano passado. Mesmo com as incertezas regulatórias de um país ainda bastante dividido politicamente na seara climática, os benefícios oferecidos pelo governo norte-americano parecem muito mais atrativos do que os da UE.

O site POLITICO destacou a movimentação dessas empresas, inclusive aquelas sediadas na Europa, para transferir novos investimentos e projetos para os EUA. A norueguesa Nel, por exemplo, decidiu deslocar uma planta para produção de equipamentos para geração de hidrogênio verde para Michigan, levando junto cerca de 500 postos de trabalho.

Os incentivos, no entanto, são apenas parte da motivação das empresas para apostar mais no mercado norte-americano do que no europeu; a burocracia europeia é outro pedaço importante dessa história. “Temos uma estrutura muito robusta na UE, mas não conseguimos atrair nossas próprias empresas porque é tudo muito complexo”, disse Jorgo Chatzimarkakis, CEO da Hydrogen Europe. “Temos metas ambiciosas, mas não temos instrumentos simples e eficientes para incentivar os negócios.”

Enquanto isso, um relatório divulgado nesta semana pela Conferência da ONU sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) mostrou que o pacote climático de Biden nos EUA, junto com uma nova lei de incentivo à inovação tecnológica e científica, resultou em um aumento de 6% nos investimentos transfronteiriços em energia e eletrônicos. Isso porque outros países, em particular Europa, Coreia do Sul e Japão, tiveram de melhorar suas condições para seguir competindo com os EUA nesses setores.Por outro lado, os países em desenvolvimento seguem menosprezados nos fluxos de financiamento para transição energética e tecnologia verde. Em 2022, essas nações receberam apenas US$ 544 bilhões em recursos desse tipo, muito aquém dos US$ 1,7 trilhão estimado para impulsionar as energias renováveis. Para a secretária-executiva da UNCTAD, Rebeca Grynspan, “um aumento significativo no investimento em sistemas de energia sustentável nos países em desenvolvimento é crucial para o mundo atingir as metas climáticas até 2030”. A Bloomberg deu mais informações.

ClimaInfo, 7 de julho de 2023.

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