Calor extremo matou mais de 60 mil europeus em 2022, destaca estudo 

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Angel Garcia / Bloomberg

Mais de 61 mil mortes foram causadas pelas altas temperaturas que castigaram a Europa no verão do ano passado, segundo um estudo publicado na revista Nature Medicine. A AP informa que os pesquisadores examinaram os números oficiais de mortalidade de 35 países europeus e encontraram um aumento acentuado de mortes entre o final de maio e o início de setembro do ano passado, em comparação com a média registrada em um período de 30 anos. O aumento de mortes relacionadas ao calor foi maior entre pessoas mais velhas, mulheres e em países mediterrâneos. A taxa de mortalidade foi mais alta nas Itália, Grécia, Espanha e em Portugal, informa o Guardian.

“O Mediterrâneo é afetado pela desertificação, as ondas de calor são amplificadas durante o verão apenas por causa dessas condições mais secas”, explicou à Reuters o coautor do estudo Joan Ballester, professor do Instituto de Saúde Global de Barcelona.

Por isso, os cientistas destacam a necessidade dos governos abordarem os impactos do aquecimento global na saúde das pessoas, já que medidas tomadas na França desde uma onda de calor mortal há duas décadas podem ter ajudado a evitar mortes no ano passado.

As baixas causadas pelo calor extremo do ano passado ecoam um verão quente em 2003, quando 70.000 mortes em excesso foram registradas na Europa. A perda de vidas levou vários países a introduzir sistemas de alerta precoce para ondas de calor e mais planejamento dos serviços de saúde, detalha a Bloomberg. Mas as mortes em 2022 mostram as limitações das medidas, observam os pesquisadores.

A situação pode piorar neste ano. Segundo o Guardian, um novo recorde pode ser quebrado nas temperaturas na Itália esta semana. Partes do sul e oeste do continente já experimentam temperaturas excepcionalmente altas. Espanha e Portugal registraram máximas diárias na casa dos 30°C por mais de uma semana, ultrapassando 40°C em partes do sul espanhol no domingo (9/7). Itália, França, Alemanha e a região do Benelux também atingiram 30°C em alguns lugares no fim de semana, reforça o Guardian. Especialistas classificam o fenômeno como uma onda de calor intensa e prolongada, informa o Euronews.

O calor também não dá trégua do outro lado do Oceano Atlântico. Nos Estados Unidos, alertas de calor estão em vigor na Flórida, no Texas e no Novo México, enquanto as notificações de calor excessivo cobrem grande parte de Arizona, sul da Califórnia e Nevada, de acordo com o Washington Post. Essa enorme onda de calor deverá atingir o noroeste do país esta semana, com temperaturas no sudoeste subindo para até 49°C, segundo a Bloomberg.

A letalidade do calor extremo no verão europeu de 2022 também foi destacada por CNN, New York Times, Time e Daily Mail.

Em tempo 1: Dá para imaginar noites acima de 30oC e 87% de umidade, com cortes de energia que chegam a 16 horas por dia, portanto sem ventilador e ar-condicionado? No impressionante relato da vida no Líbano neste início de verão feito para o Observatório do Clima, Leila Salim coloca uma informação médica importante: “A combinação entre temperaturas elevadas e alta umidade impede o corpo humano de dissipar o excesso de calor através da transpiração. Cientistas chamam esse processo, que ocorre quando o corpo não consegue mais se resfriar, de ‘estresse térmico‘ e defendem a adoção de índices que levem em consideração a interação entre umidade e temperatura para comunicar os riscos de condições extremas  à população. Segundo estudo publicado na revista Nature em maio deste ano, uma temperatura de 37oC pode ser desconfortável em regiões de baixa umidade, mas, quando combinada à alta umidade e ausência de vento, leva o corpo humano à incapacidade de resfriamento. A esse nível, a chamada temperatura de bulbo úmido (WBGT), combinação dos dois fatores e da velocidade do vento, pode ser fatal”.

Em tempo 2: O calor também vem causando estragos e mortes na China. Cidades em todo o país abriram seus abrigos antiaéreos para oferecer aos residentes alívio do calor. Há vários dias o norte chinês vem registrando temperaturas recordes, agravadas pela seca. No início da semana passada, Pequim reportou mais de nove dias consecutivos com temperaturas superiores a 35°C, de acordo com o Centro Nacional do Clima – uma sequência não vista desde 1961. As autoridades emitiram alertas de saúde e, na capital e em outros lugares, suspenderam o trabalho ao ar livre. Até agora, duas mortes em Pequim foram atribuídas ao calor escaldante. Autoridades de saúde em Shaoxing, cidade vizinha a Hangzhou, disseram que registraram mortes causadas pelo calor, mas não deram detalhes, segundo a Associated Press.

ClimaInfo, 11 de julho de 2023.

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