Mudanças climáticas devem intensificar perda de vegetação típica da Caatinga

Caatinga
Giancarlo Zorzin

A junção de mudanças climáticas e desmatamento está intensificando a perda de diversidade biológica na Caatinga, alertou um novo estudo. De acordo com a análise, a seguir no ritmo atual, quase a totalidade (99%) do bioma pode registrar perdas significativas de sua riqueza de flora até 2060.

O estudo foi conduzido por cientistas da UNICAMP e das Universidades Federais da Paraíba (UFPB), Pernambuco (UFPE), de Viçosa (UFV) e do Instituto Federal Goiano (IF GOIANO) e publicado na revista Journal of Ecology. Os autores analisaram dados de coleções científicas, herbários e pesquisas anteriores para compilar um banco de dados com mais de 400 mil registros de ocorrência de cerca de 3 mil espécies de plantas do bioma. A partir de modelos científicos, a pesquisa projetou cenários futuros de aquecimento e estimou os impactos em termos de biodiversidade.

Os resultados indicam que 99% das comunidades de plantas da Caatinga experimentarão perda de espécies até 2060. Em parte, isso será decorrente dos efeitos do clima mais quente e seco, que deve dificultar a sobrevivência de árvores, que perderão espaço para as gramíneas. Consequentemente, os serviços ecossistêmicos prestados pela biodiversidade da Caatinga serão comprometidos. Como resultado, 40% do bioma sofrerá uma simplificação de sua composição, com perda de espécies nativas, muitas delas raras.“Nós percebemos que, no cenário otimista, 50 espécies de plantas poderiam ser extintas na Caatinga e, no cenário pessimista, esse número chegaria a 250. Então 99% do território vai ter perda de espécies, especialmente a região sul do bioma e a noroeste, que são pontos turísticos”, explicou Mário Moura, do Instituto de Biologia da UNICAMP, ao g1.  A Agência FAPESP destacou o estudo, com reportagem publicada também na Folha.

ClimaInfo, 11 de julho de 2023.

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