Secretário-geral da OPEP virá ao Brasil e presidente da Petrobras promete “novidades”

presidente OPEP Brasil
Energy Intelligence Group

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, convidou o secretário-geral da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), Haitan Al Ghais, para vir ao Brasil. A visita ainda não tem data, mas em um post em sua rede social, Prates disse que eles terão “novidades interessantes”. Não se sabe se isso é tranquilizador ou preocupante. “Diante das ações concretas planejadas pela Petrobras, fica claro que a eliminação dos combustíveis fósseis não está no horizonte 2030, e nem 2050. A sede de manter a exploração de combustíveis fósseis não mudou com a troca de governo”, lamenta o colunista Heitor Scalambrini da Costa, do Congresso em Foco. Já a OPEP dispensa maiores explicações.

Prates destacou a mensagem enviada por Ghais ao G7 sobre a transição energética, destaca o Estadão. Ele afirma que “pode não haver uma solução única para um futuro de energia sustentável, mas a colaboração e a ação inclusiva serão essenciais para alcançar uma transição justa e permanente”.

Ghais escreve que a demanda global de energia vai crescer 23% até 2045, segundo o World Oil Outlook 2022. E atender a esse aumento com segurança energética, acesso global e redução de emissões vai exigir todas as energias – incluindo petróleo e gás fóssil, segundo ele –  relata o UOL.

“Somente para a indústria do petróleo, que responderá por quase 29% das necessidades de energia do mundo até 2045, os requisitos globais de investimento totalizam US$ 12,1 trilhões de agora até lá. Isso equivale a mais de US$ 500 bilhões por ano”, diz Ghais no artigo. O executivo da OPEP frisou que os investimentos na indústria petrolífera estão abaixo desse valor, devido à desaceleração do setor, à pandemia e ao crescente foco em questões ambientais, sociais e de governança. Uma reclamação exagerada, segundo a consultoria Rystad Energy.

O grande problema é o que a indústria de petróleo e gás fóssil entende como “transição energética”, já que as petroleiras continuam defendendo o aumento da produção de combustíveis fósseis – Prates fez isso em um seminário da OPEP semana passada em Viena, na Áustria, segundo o Valor. Os discursos focam na redução de emissões na extração, ignorando que 80% das emissões dos combustíveis fósseis vêm de seu consumo.

Estadão, O Globo, Poder 360 e CNN também noticiaram a visita do secretário-geral da OPEP ao Brasil.

Em tempo: A Petrobras deve frustrar os planos do governo – particularmente do Ministério de Minas e Energia (MME), tutor do programa “Gás para Empregar” [quem???] – . Executivos da petroleira acreditam que um corte de preços dessa magnitude é inviável, devido aos altos custos de produção e de transporte do combustível fóssil no pré-sal, explica a Bloomberg Línea. Para o MME, a petroleira usa muito gás fóssil na extração de petróleo na região e poderia reduzir o preço para US$ 7 a US$ 8 por milhão de Btu (British Termal Unit, uma unidade de medida), ante os US$ 12 que cobra atualmente.

ClimaInfo, 11 de julho de 2023.

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