Um mês após disponibilizar R$ 700 milhões para incentivar a troca de caminhões com mais de 20 anos de uso por veículos novos e menos poluentes, por meio da Medida Provisória 1.175/23, o governo lida com números frustrantes: apenas 14% dos recursos foram utilizados. Por isso, lançou uma nova portaria para corrigir distorções e estimular a troca.
Mas há quem duvide de sua eficácia, já que, mesmo com descontos, o proprietário de um veículo elegível – normalmente um caminhoneiro autônomo – não tem recursos para comprar um zero-quilômetro, que pode chegar a R$ 1 milhão, explica o Valor. Para receber o benefício, é preciso que o caminhão (ou o ônibus) tenha mais de 20 anos. Nesse caso, ele poderá ser trocado por um novo, com descontos entre R$ 33 mil e R$ 99 mil, desde que destine o veículo velho a um local de reciclagem para ser transformado em sucata.
Por isso, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) lançou na 6ª feira (7/7) uma portaria que dispensa que o dono do veículo sucateado seja o mesmo que vai usar o programa para a compra de um novo, de acordo com o AutoData. Ou seja, um caminhoneiro poderá, por exemplo, vender seu veículo com mais de 20 anos para um frotista interessado em obter os benefícios do programa. O novo dono do caminhão o entregará para a sucata e ganhará os bônus para a compra de um novo. Já o caminhoneiro, com o dinheiro da venda, poderia dar entrada em outro caminhão usado, menos velho e poluente.
O problema é conseguir crédito, um problema crônico para autônomos. “O caminhoneiro hoje vende o almoço para poder pagar o jantar. O benefício é uma gota no oceano e visa, muito mais, passar uma sensação de alívio momentâneo ao mercado do que realmente corrigir o problema na sua essência”, destaca Eric Dervyshire, sócio consultor da RGF & Associados.E a dificuldade é comprovada pelos números. Segundo o Estadão, as vendas de caminhões sofreram retração de 28,86% em junho, na comparação com igual período de 2022. As revendas emplacaram 7.722 caminhões, bem menos que os 10.854 modelos entregues em junho do ano passado.
ClimaInfo, 11 de julho de 2023.
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