17,23oC. Eis o novo recorde histórico para a temperatura média global, registrado na última 5ª feira (6/7). Por si só essa notícia seria preocupante, mas o fato de outros dois dias recordistas de calor terem acontecido na mesma semana evidencia como a somatória de mudanças climáticas e El Niño pode colocar 2023 como o ano mais quente já registrado desde a Revolução Industrial.
Na 2ª feira (3/7), os termômetros ao redor do mundo registraram a temperatura média de 17,01oC; no dia seguinte a marca foi batida, subindo para 17,18oC. Os três registros da última semana deixaram para trás o último recorde histórico de calor, 16,92oC, observado em 2016.
Para o secretário-geral da ONU, António Guterres, os recordes seguidos de calor da última semana evidenciam como as mudanças climáticas estão ficando “fora de controle” e cada vez mais difíceis de serem enfrentadas. “Se persistirmos em adiar medidas fundamentais que são necessárias, penso que estamos caminhando para uma situação catastrófica, como demonstram os últimos recordes de temperatura”, disse.
É importante ressaltar que os dados diários de temperatura são preliminares, por isso é difícil estabelecer com um grau de certeza maior se esses dias foram, de fato, os mais quentes já observados pela ciência. De toda forma, como assinalou a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) dos Estados Unidos, as temperaturas registradas na última semana estão alinhadas a um cenário de mudanças climáticas catalisadas pelos efeitos do El Niño.
“Reconhecemos que estamos em um período quente devido às mudanças do clima e à combinação com o El Niño e as condições quentes do verão [no Hemisfério Norte], estamos vendo temperaturas recordes de superfície sendo registradas em diversas partes do mundo”, afirmou a NOAA à Associated Press.
As temperaturas da semana passada aumentam a probabilidade deste mês terminar ao menos como o julho mais quente já registrado em todo o mundo. “As chances são de que o mês de julho seja o mais quente, e com ele o mês mais quente desde pelo menos o Eemiano [período interglacial] há 120 mil anos”, explicou o cientista Karsten Haustein, da Universidade de Leipzig (Alemanha), ao Guardian.
No Hemisfério Norte, o calor foi intenso em diversas localidades na última semana. Ondas de calor foram registradas no sul dos Estados Unidos, Europa Central e do Sul, China e Índia. Ao mesmo tempo, tempestades mais intensas foram observadas na Ásia, principalmente na região central da Índia e no Paquistão.Os recordes de calor foram abordados por diversos veículos no Brasil, como CNN Brasil, Correio Braziliense, Estadão, Folha, ((o)) eco, O Globo e Valor, entre outros. No exterior, a notícia foi destacada por BBC, Bloomberg, Financial Times e Reuters.
ClimaInfo, 10 de julho de 2023.
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