Eleições na Espanha podem colocar em xeque agenda climática da UE

Espanha eleições 2023
KIKO HUESCA (EFE)

No próximo dia 23, os eleitores espanhóis vão às urnas para eleger o novo parlamento e, consequentemente, o novo governo do país. As pesquisas de intenção de voto indicam um cenário apertado, com o governista Partido Socialista (PSOE) atrás do Partido Popular (PP). Os parceiros da União Europeia acompanham com ansiedade o processo eleitoral, especialmente por seus reflexos no delicado tabuleiro climático do bloco.

O Financial Times sintetizou a queda de braço entre progressistas e conservadores na Espanha. O PSOE do atual premiê Pedro Sánchez tem defendido uma política climática mais agressiva, que figura entre as mais ambiciosas da UE. Assim, a Espanha vem servindo como uma força por trás de movimentações recentes do bloco continental para elevar a ambição de seus compromissos climáticos. No entanto, o PP enxerga a questão com mais cautela, argumentando que a transição verde estaria acontecendo “rápido demais” no país. Assim, uma eventual vitória do PP poderia representar um reposicionamento da Espanha dentro da UE, favorecendo países que defendem uma abordagem mais lenta para a ação climática do bloco, como Polônia e Hungria. Mesmo assim, no que diz respeito à preocupação com a questão climática, os dois maiores partidos espanhóis defendem um consenso sobre a urgência da crise e a necessidade de enfrentá-la.

O jornal La Vanguardia informou que, na semana passada, representantes de PSOE, PP e do partido de esquerda Sumar pediram que o próximo parlamento espanhol continue atacando esse problema. Porém, uma exceção preocupa: é o partido de extrema-direita Vox, que repete o negacionismo barato visto entre os republicanos nos EUA ou no bolsonarismo no Brasil. Como o PP dificilmente terá sozinho os votos necessários para formar o novo governo, existe a possibilidade do partido buscar o apoio do Vox. O jornal El País abordou como um eventual acordo entre os dois partidos ameaça as políticas climáticas e de meio ambiente de Madri.O pano de fundo das eleições de 23 de julho não poderia ser mais simbólico. Como assinalado pelo site POLITICO, a Espanha sofre com o forte calor neste verão, juntamente com boa parte do continente europeu. A média de temperatura na primeira semana de julho foi a mais alta desde 1961. Durante a votação, a expectativa dos meteorologistas é de mais calor.  Será que o calor motivará os espanhóis a defender a ação climáticas nas urnas? Ou, pior, o tempo quente vai motivá-los a ficar em casa ao invés de votar, entregando seu futuro ao negacionismo climático?

ClimaInfo, 11 de julho de 2023.

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