EUA pedem participação da China no financiamento climático internacional

EUA China financiamento climático
Pedro Pardo / Pool via AP

A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, cobrou das autoridades chinesas um maior envolvimento nos mecanismos de financiamento climático para os países mais pobres e vulneráveis. Para ela, os dois países podem ajudar a destravar a liberação de recursos para ação climática.

“O financiamento climático deve ser direcionado de forma eficiente e eficaz. Acredito que se a China apoiasse as instituições climáticas multilaterais existentes, como o Fundo Verde para o Clima [GCF] e os Fundos de Investimento Climático ao nosso lado e ao lado de outros governos doadores, poderíamos ter um impacto maior do que temos hoje”, disse Yellen no último sábado (8/7) em conversa com especialistas chineses e internacionais em finanças verdes em Pequim.

O argumento de Yellen é bastante utilizado pelos EUA e por outras nações desenvolvidas para defender a diversificação de fontes de recursos para financiamento climático internacional. Hoje, essa conta é assumida apenas pelos países mais ricos, sob a justificativa de que estes se industrializaram primeiro e iniciaram a queima massiva de combustíveis fósseis que desencadeou as mudanças climáticas. No entanto, atualmente a China é a maior emissora de gases de efeito estufa do mundo, superando inclusive os EUA, mas não contribui para o financiamento climático por seguir com o status de “país em desenvolvimento” na Convenção Clima da ONU.

“Como os dois maiores emissores de gases de efeito estufa do mundo e os maiores investidores em energia renovável, temos a responsabilidade conjunta – e a capacidade – de liderar o caminho. A mudança climática está no topo dos desafios globais, e os Estados Unidos e a China devem trabalhar juntos para enfrentar essa ameaça existencial”, afirmou Yellen.

A passagem de Yellen por Pequim nos últimos dias coincide com um movimento recente de representantes do governo norte-americano em visita a China. O objetivo principal é restabelecer o diálogo entre os dois governos, fragilizado nos últimos tempos por conta da questão de Taiwan e o contexto geopolítico da guerra entre Rússia e Ucrânia no leste europeu.

Outro representante dos EUA com viagem marcada para a China é o enviado especial do país para o clima, John Kerry. De acordo com a Bloomberg, a ideia do ex-secretário de Estado norte-americano é colocar as bases para um entendimento bilateral para a COP28, de forma a garantir que as negociações climáticas da ONU superem as divergências que seguem travando as conversas – entre elas, o financiamento climático e a estruturação do fundo para perdas e danos.

O apelo de Yellen aos chineses foi destacado por Associated Press, BBC, Bloomberg, CNN, Deutsche Welle, Guardian, NY Times e Reuters, entre outros.

ClimaInfo, 10 de julho de 2023.

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