Países definem nova meta de redução de emissões de carbono para transporte marítimo, mas adiam taxação

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IMO

O encontro da Organização Marítima Internacional (IMO) terminou na última 6ª feira (7/7) em Londres, no Reino Unido, com uma notícia positiva para o clima, ainda que incompleta. Depois de muita pressão, os países finalmente concordaram com a definição de novas metas de mitigação para o setor, inclusive o objetivo de neutralidade líquida (net-zero) das emissões de gases de efeito estufa até meados deste século.

Como informou a Folha, os países concordaram em reduzir as emissões do transporte comercial marítimo em “pelo menos 20%, esforçando-se para 30%” até 2030. Já para 2040, o corte deverá ficar entre 70% e 80%. A meta de descarbonização segue a mesma flexibilidade, com o objetivo dependendo das condições domésticas de cada nação – por isso, o texto estabeleceu a meta de net-zero para “ao redor” de 2050.

Por outro lado, os governos não conseguiram se entender em relação a um dos instrumentos vistos como essencial para viabilizar esses objetivos climáticos – a taxação sobre o carbono emitido pelos navios mercantes. A oposição dos países em desenvolvimento exportadores, entre eles o Brasil, acabou impedindo que a proposta fosse adiante.

Para os negociadores brasileiros, a medida prejudicaria a competitividade dos nossos produtos no mercado internacional, especialmente junto aos consumidores mais distantes (leia-se China). “Uma cobrança universal é uma taxa sobre a distância. Até que os combustíveis neutros em emissões estejam amplamente disponíveis levará tempo e, então, pode ser tarde demais para algumas economias”, disse um negociador brasileiro na plenária da IMO, citado pela Folha.

“O acordo terá medidas de grande impacto na economia global e na forma de usar os nossos mares. O texto foi aclamado. É um acordo extraordinário porque manteve todos ‘no mesmo barco’ ”, disse um negociador da IMO citado por Daniela Chiaretti pelo Valor. Para os países em geral, mesmo com a frustração das pequenas nações insulares (que desejavam metas mais ambiciosas), o acordo fechado em Londres mexerá com o setor marítimo comercial e poderá ajudar o mundo a cumprir os objetivos climáticos do Acordo de Paris.

Pelo lado da sociedade civil, porém, o tom é de ceticismo. “A estratégia de redução de emissões da IMO perdeu o barco para [o teto de] 1,5oC. Não há tempo para medidas pela metade, compromissos vagos e progresso lento. Precisamos que todos os setores sigam a ciência e aumentem sua ambição de limitar o aquecimento global abaixo dos níveis catastróficos”, disse Mark Lutes, da WWF, à Folha. A aprovação da nova estratégia climática da IMO foi amplamente repercutida na imprensa, com manchetes em veículos como Bloomberg, Climate Home, CNN, Guardian, Reuters, TIME e Washington Post.

ClimaInfo, 10 de julho de 2023.

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