Poluição plástica prejudica mais de 92% dos recifes de corais do planeta

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joelsaucedosaucedo / Pixabay

Não há lugar no planeta que esteja livre do plástico, e isso vale também para os recifes de corais espalhados pelos oceanos. No entanto, a contaminação desses ecossistemas é mais surpreendente do que se poderia imaginar.

O plástico já atinge cerca de 92% dos recifes de corais rasos do planeta, revela uma pesquisa publicada na Nature. O produto foi encontrado em quase todos os 84 recifes estudados nos oceanos Pacífico, Atlântico e Índico, informa o NewScientist. E afeta organismos tanto em ambientes próximos às regiões costeiras, onde há alta densidade populacional, como em regiões remotas, como ilhas no meio do Pacífico.

“Ao fazer um levantamento das espécies presentes em muitos desses corais mesofóticos (de profundidade até 150 m), resolvemos também quantificar a quantidade de lixo plástico encontrado, e vimos dejetos em 77 dos 84 locais”, disse à Folha o coordenador do estudo, o biólogo Hudson Pinheiro, do Centro de Estudos de Biologia Marinha (CEBIMar) da USP e também pesquisador associado da Academia de Ciências da Califórnia em São Francisco.

Quase três quartos dos itens plásticos maiores encontrados nos recifes eram de “equipamentos fantasmas” – apetrechos de pesca, como cordas, linhas e redes. Embalagens de alimentos e garrafas plásticas também eram comuns, destaca o Guardian.

O estudo identificou quatro fatores de risco associados a uma maior exposição ao plástico: maior profundidade; maior densidade populacional [a um raio de 10 km do local de descarte]; proximidade com zonas de atividade pesqueira (mercados); e proximidade às Unidades de Proteção Marinha.

“Foi surpreendente descobrir que os detritos aumentaram com a profundidade, já que os recifes mais profundos em geral estão mais longe das fontes de poluição plástica”, aponta Luiz Rocha, codiretor da iniciativa Hope for Reefs da Academia de Ciências da Califórnia e também pesquisador do estudo.

O plástico constitui uma “ameaça emergente” para os recifes já afetados pela crise climática e pela pesca predatória, disseram os pesquisadores.

ClimaInfo, 20 de julho de 2023.

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