Proteção das florestas: a jornada de riscos e devoção de quem cuida da natureza

Dia do Protetor da Floresta
Tomaz Silva / Agência Brasil

Episódios de violência vividos por fiscais do IBAMA e do ICMBio ilustram uma rotina de riscos, exaustão e, muitas vezes, precariedade que costuma marcar o cotidiano de quem faz da proteção ambiental o seu propósito na vida. E na semana em que é comemorado o Dia do Protetor de Florestas – 17 de julho, o Dia do Curupira, personagem do folclore que cuida das matas –, agentes ambientais de todo o país narram um misto de alívio e expectativa.

Depois de quatro anos de esvaziamento promovido pela gestão do inominável, marcada pela letargia operacional dos órgãos federais e a perseguição ferrenha aos servidores ambientais, o governo Lula é visto como um momento de retomada, segundo O Globo. “Sobrevivemos, mesmo com todas as dificuldades. O momento é de reorganização e de valorização do agente ambiental. As pessoas são o principal ativo na defesa do interesse público”, diz Jair Schmitt, diretor de proteção ambiental do IBAMA, que está no órgão desde 2002.

O Pará Terra Boa destaca pessoas que atuam no estado e que, por meio da bioeconomia, geram empregos e renda, promovem o crescimento econômico inclusivo e melhoram a qualidade de vida dos Povos da Floresta. É o caso de um grupo de 34 agricultoras e agricultores familiares que se formaram para serem agentes multiplicadores em restauração florestal. Moradores de assentamentos rurais de Ulianópolis, no sudeste paraense, eles participaram do primeiro curso “Formar Restauração Florestal“, oferecido pelo Imazon e pelo IEB.

O objetivo da formação é fortalecer o conhecimento sobre sustentabilidade, reflorestamento e gestão produtiva para a agricultura familiar. Ana Cleide Ferreira, uma das formandas, conta que a comunidade Planalto, onde mora, é muito pobre de árvores, porque foi muito desmatada. “Hoje, estamos começando um pequeno plantio de açaí e de cupuaçu. Espero que no futuro ele gere alimentos e renda para minha família e para as dos meus vizinhos.”

Proteger uma floresta é também descobrir como fazê-la se curar de suas feridas, tratar as chagas abertas pelo desmatamento e fazê-la renascer das cinzas das queimadas, ressalta O Globo. Na Amazônia, esse caminho alia o conhecimento tradicional à ciência de vanguarda e à força da floresta, explica a ecóloga paraense Ima Vieira, uma das mais respeitadas especialistas em impactos do desmatamento e restauração do bioma.

Especialistas reunidos pelo Um Só Planeta mostraram que a conservação e a restauração de áreas naturais, bem como o combate à degradação ambiental, criam oportunidades de negócios e empregos, além dos efeitos positivos para o planeta. E com o mundo enfrentando duas crises interdependentes – a emergência climática e a destruição acelerada da natureza –, as empresas são parte integrante tanto do problema como da solução, apontam.

Contudo, a floresta é muito mais do que regulação climática e fonte de variados bioprodutos. Ela também funciona como um antidepressivo, afirma à Folha o diretor do Instituto Brasileiro de Ecopsicologia, Marco Aurélio Carvalho. Pouco conhecido no Brasil, o banho de floresta (“shinrin-yoku”) – nada além do que caminhar em meio à natureza e contemplá-la – é uma terapia que está no serviço de saúde pública do Japão desde os anos 1980. Em 2021, o instituto dirigido por Carvalho firmou convênio com a Fiocruz para pesquisar seu papel em biomas como a Mata Atlântica e a Floresta Amazônica.

ClimaInfo, 20 de julho de 2023.

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