Enquanto RJ testa eólica offshore, pescadores do Ceará temem impacto da fonte

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Thomas G. / Pixabay

Enquanto aguarda a regulamentação avançar no Congresso, o governo do estado do Rio de Janeiro vai desenvolver um projeto-piloto de geração eólica offshore no litoral norte fluminense, onde se concentram várias plataformas de produção de petróleo e gás fóssil. O objetivo é testar a viabilidade técnica e o potencial de desenvolvimento de projetos em larga escala.

O trabalho vai ser coordenado pela Secretaria de Estado de Energia e Economia do Mar. A pasta reuniu mais de 20 empresas e associações dos segmentos de petróleo e gás, logística portuária, geração de energia e indústrias para discutirem a criação do modelo, explica o Estadão. O projeto também foi repercutido por epbr, InfoMoney e Veja.

Segundo o secretário Hugo Leal, o projeto-piloto visa medir os ventos e verificar a capacidade de geração elétrica, o desempenho das turbinas e o impacto ambiental. “O projeto-piloto é imprescindível para a avaliação, em um ambiente controlado, de fatores como a viabilidade tecnológica, a redução de custos e as potencialidades do Estado para o desenvolvimento de projetos em larga escala”, afirma Leal, apontando que o projeto é um passo para produção de hidrogênio de baixo carbono no estado.

O Ceará é outro ponto da costa brasileira apontado como promissor para a geração eólica offshore e, por consequência, para a produção de hidrogênio verde. Contudo, a perspectiva de um boom de usinas movidas a vento no mar cearense já preocupa pescadores da região, mostra a Agência Pública.

Calejadas com a rápida expansão de parques eólicos em terra nos últimos anos – um processo de ocupação de território muitas vezes cercado de violações de direitos –, comunidades temem que as offshore repitam e ampliem os conflitos, atingindo em cheio a pesca artesanal. É o caso de Barra das Moitas, praia do município de Amontada, a cerca de 200 km de Fortaleza. A comunidade é um dos locais onde foram feitos os primeiros protocolos de consulta prévia do Ceará, elaborados com a coordenação do Instituto EcoMaretório.

“Está com quase dois anos que a gente tomou conhecimento desse projeto, e já sendo informados de que não era bom para as comunidades costeiras, porque já temos um projeto de uma empresa de energia aqui bem vizinho na terra, e os benefícios deles foram mais malefícios do que benefícios”, diz o pescador tradicional Jairo Antônio de Sousa.

Em tempo 1: A maior turbina eólica offshore do mundo entrou em operação na China, segundo anúncio feito pela Mingyang Smart Energy. A turbina MySE 16-260 tem capacidade de 16 MW, conta com um rotor de 260 metros de diâmetro e foi instalada no parque Mingyang Yangjiang Qingzhou 4, no Mar do Sul da China, relatam epbr e Folha. O novo equipamento ultrapassou o modelo GWH252-16MW, da também chinesa Goldwind, de 16 MW, mas com rotor de 252 metros de diâmetro. O modelo da Goldwind também começou a operar na semana passada, no parque offshore de Fujian, operado pela China Three Gorges Corporation.

Em tempo 2: Apesar das expectativas, os projetos eólicos offshore enfrentam uma crise com corte de bilhões de dólares em investimentos, num momento em que o mundo precisa avançar com a energia limpa mais rapidamente. A Bloomberg informa que a espanhola Iberdrola concordou em cancelar um contrato para vender energia de um parque eólico planejado na costa de Massachusetts, nos Estados Unidos. A dinamarquesa Orsted A/S perdeu uma licitação para fornecer energia eólica offshore para Rhode Island, cuja principal concessionária disse que os custos crescentes tornaram a proposta muito cara. E a estatal sueca Vattenfall AB descartou os planos de um parque eólico na costa da Grã-Bretanha, citando a inflação.

ClimaInfo, 25 de julho de 2023.

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