Vazamento de gás fóssil é tão ruim para o clima quanto o carvão, diz estudo

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Nick Humphries / Creative Commons

Há quem chame o gás de origem fóssil de “combustível da transição energética”, um meio-termo menos impactante para substituir petróleo e carvão mineral até a consolidação de fontes limpas e renováveis. Mas, se trocar um combustível fóssil por outro já parecia ser trocar seis por meia dúzia, a situação é ainda pior.

Embora tenha níveis de emissões de gás carbônico menores quando queimado, o gás fóssil pode ser tão ruim para o clima quanto o carvão mineral. E isso por causa dos vazamentos, aponta um estudo publicado na Environmental Research Letters.

Basta que apenas 0,2% de gás vaze para que ele se torne tão sujo quanto o carvão, aponta o New York Times, em matéria reproduzida pela Folha. O limite percentual é muito, muito baixo. Afinal, o gás fóssil vaza nos locais de perfuração, em unidades de processamento e tratamento e nas tubulações que o transportam para termelétricas ou residências e cozinhas.

“Não pode ser considerada uma boa ponte, ou substituto”, explica Deborah Gordon, principal pesquisadora do estudo e especialista em política ambiental da Universidade Brown e do Instituto Rocky Mountain, organização de pesquisa focada em energia limpa.

É preciso lembrar que o gás fóssil é composto principalmente de metano, um gás de aquecimento do planeta muito mais potente, em curto prazo, do que o dióxido de carbono quando escapa sem ser queimado na atmosfera. E há evidências crescentes de que o metano está fazendo exatamente isso: vazando de sistemas em quantidades muito maiores do que se pensava anteriormente, reforça o npr.

Sensores e câmeras infravermelhas estão ajudando a visualizar vazamentos substanciais de metano da infraestrutura de petróleo e gás, e satélites cada vez mais poderosos estão detectando episódios de “superemissão”.

Em tempo: As novas licenças de petróleo e gás fóssil para o Mar do Norte que o governo do Reino Unido aprovou nos últimos dois anos vão produzir tanto dióxido de carbono quanto as emissões anuais de quase 14 milhões de carros, ou todas as emissões anuais da Dinamarca, mostra uma análise feita pelo Greenpeace a partir de fontes públicas. Este montante – cerca de 28 milhões de toneladas de dióxido de carbono ao longo da vida útil dos campos – aumentará mais de oito vezes, se também forem concedidas as potenciais licenças em avaliação, mostra o Guardian.

ClimaInfo, 25 de julho de 2023.

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