JP Morgan e Citigroup lideram financiamento a combustíveis fósseis na Amazônia. Bradesco e Itaú também estão na lista 

bancos fósseis Amazônia
Christian Braga / Greenpeace

As mudanças climáticas estão fazendo a Floresta Amazônica chegar cada vez mais rapidamente a um ponto de não retorno, e as emissões causadas pelos combustíveis fósseis são sua principal causa. Entretanto, muitos bancos ignoram não apenas a crise climática como a maior floresta tropical do mundo, financiando até mesmo a exploração de petróleo e gás fóssil no bioma.

Um levantamento da Stand.earth e da Coordinadora de la Organizaciones Indígenas de la Cuenca Amazónica (COICA) mostra que JPMorgan e Citigroup são os dois bancos que mais apoiaram financeiramente a exploração de combustíveis fósseis na pan-Amazônia nos últimos 15 anos, informa a Bloomberg, em matéria repercutida pelo Valor. Ao todo, essas instituições financeiras estavam por trás de US$ 3,8 bilhões em empréstimos e títulos para produção e infraestrutura de petróleo e gás fóssil na região amazônica.

Desde 2009, um total de 160 bancos canalizaram US$ 20 bilhões para explorar reservas de combustíveis fósseis em Peru, Colômbia, Brasil e Equador. Mais da metade desse valor – US$ 11 bilhões – veio de apenas oito bancos: JPMorgan Chase, Citibank, Itaú Unibanco, HSBC, Santander, Bank of America, Bradesco e Goldman Sachs, detalha o Um só planeta.

Seis das oito instituições que lideram esses financiamentos estão sediadas nos Estados Unidos ou atuam por meio de suas subsidiárias estadunidenses e operam em negócios em toda a região. Já Itaú e Bradesco estão ligados a projetos específicos de petróleo e gás fóssil no Brasil.

“Os bancos têm um papel crítico a desempenhar na mudança da economia energética por trás da crise climática. Mas continuamos vendo financiamento para a expansão de combustíveis fósseis na maior floresta tropical do mundo”, protesta Angeline Robertson , pesquisadora principal do Stand.earth.

Fany Kuiru, da COICA, descreve a expansão do petróleo na região amazônica como uma ameaça latente para as pessoas e os ecossistemas. Além disso, a atividade leva à degradação e ao desmatamento da floresta, causando ainda doenças crônicas e contaminando alimentos e fontes de água: “Pedimos aos maiores investidores bancários que deixem a Amazônia imediatamente”, apela.

Questionados, os dois maiores financiadores da energia suja na Amazônia se dividiram entre o cinismo – caso do Citigroup, cujo porta-voz disse que o banco “continua fortalecendo” sua política de gestão de riscos ambientais e sociais para proteger áreas sensíveis como a Amazônia – e o silêncio, pelo qual optou o JP Morgan.

Climate Change News, Rigzone, Energy Portal e Canada’s National Observer repercutiram o estudo da Stand.earth e COICA.

Em tempo: A indústria do petróleo tem sido ainda mais cruel na Venezuela, país pan-amazônico que já foi um dos maiores produtores de combustíveis fósseis do planeta e agora convive com o sucateamento de sua infraestrutura petrolífera e a ameaça permanente ao meio ambiente. Explosões de gás fóssil em poços de produção e vazamentos em oleodutos estão afligindo a população e poluindo cidades e o lago Maracaibo, que, apesar do nome, tem ligação com o Mar do Caribe. O óleo vaza de dutos subaquáticos deteriorados no lago, cobre as margens e transforma a água em um verde neon que pode ser visto do espaço, relata o New York Times, em matéria repercutida pela Folha. Canos quebrados flutuam na superfície e brocas de petróleo estão enferrujando e afundando na água, enquanto pássaros cobertos de óleo lutam para voar.

ClimaInfo, 27 de julho de 2023.

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