Mar vira “banheira de hidromassagem” na Flórida e no Mediterrâneo

Florida mar quente
Sathish kumar Periyasamy / Pixabay

Um dos benefícios recreativos das águas oceânicas é aplacar o calor que sentimos quando as temperaturas estão altas. Mas a crise climática tem sido tão implacável que um mergulho antes refrescante está se tornando em alguns lugares algo como entrar num caldeirão quente.

No arquipélago de Florida Keys, nos Estados Unidos, a temperatura da água do mar atingiu níveis típicos de banheiras de hidromassagem. Uma boia de temperatura da água no Parque Nacional de Everglades, nas águas de Manatee Bay, atingiu uma máxima de 38,44oC no final da tarde de 2ª feira (24/7), enquanto outras boias próximas chegaram a 38oC e 32oC, informa a Reuters.

As temperaturas normais da água para a área nesta época do ano deveriam estar entre 23oC e 31oC, de acordo com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA, na sigla em inglês). Além de fora dos padrões, a temperatura da água na Flórida pode ter sido recorde, pontua o Guardian, já que um estudo de 2020 sugeriu que a temperatura mais alta observada foi de 37,61oC no Golfo Pérsico.

As ondas de calor estão afetando cada vez mais os oceanos em todo o mundo, destruindo algas, ervas marinhas e corais e matando faixas de vida marinha. Pesquisas de 2019 descobriram que o número de dias de ondas de calor oceânicas triplicou nos últimos anos. E uma onda de calor em 2021 provavelmente matou mais de 1 bilhão de animais marinhos ao longo do Pacífico do Canadá, segundo especialistas.

Por causa das “águas escaldantes”, cientistas de Florida Keys moveram cerca de 1.500 espécimes de corais do oceano para tanques em terra, na esperança de salvá-los. De acordo com o Axios, desde a semana passada o laboratório marinho operado pelo Instituto de Oceanografia da Flórida da Universidade do Sul da Flórida (USF, na sigla em inglês) está abrigando espécimes de corais colhidos de viveiros offshore e colônias-mãe.

Embora não tão quente quanto as águas da Flórida, a água do Mar Mediterrâneo também vem registrando altas temperaturas. Na 2ª feira (24/7), a água atingiu 28,71oC, batendo o recorde registrado em 2003, de 28,25oC, relata o Euronews.

Além do impacto direto na vida marinha, o aquecimento do Mediterrâneo pode desencadear fortes chuvas não apenas no sul da Europa, mas em grande parte do continente. Isso pode ocorrer nos meses de outono e inverno, quando o mar Mediterrâneo libera o calor que está retendo atualmente.

CBS, NBC e ABC também trataram da “banheira de hidromassagem” nas águas costeiras da Flórida.

Em tempo: Com mais de 80% dos mares não mapeados, não observados e inexplorados, os cientistas quebram a cabeça para entender o que o calor faz sob a água, já que os catastróficos efeitos sobre a terra, como tempestades e furacões, são conhecidos. “Não sabemos realmente o porquê e o como de algumas coisas muito interessantes acontecendo no oceano profundo. E não sabemos porque não há dados”, diz à Bloomberg Nathalie Zilberman, oceanógrafa da Universidade da Califórnia em San Diego. Entre os maiores mistérios está o fato de haver um pedaço do tamanho da Argentina faltando no gelo marinho no oceano Antártico, que atingiu de longe o nível mais baixo registrado em junho no mês passado, em pleno inverno. O gelo marinho encolheu 2,6 milhões de km2, abaixo da média entre 1981 e 2010, de acordo com o Centro Nacional de Dados de Neve e Gelo dos EUA.

ClimaInfo, 27 de julho de 2023.

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