Demanda global por carvão deverá ser recorde este ano, projeta IEA

carvão demanda global
Wikimedia Commons

Julho de 2023 será o mês mais quente em 120 mil anos por causa da crise climática, provocada majoritariamente pelos combustíveis fósseis, mas nem isso alivia a sanha por mais energia suja.

O consumo de carvão aumentou 3,3% em 2022, batendo o recorde de 8,3 bilhões de toneladas. Pior: permanecerá nesses níveis este ano, já que a demanda na Ásia permanece robusta, podendo, inclusive, bater novo recorde. É o que aponta um novo relatório sobre a fonte da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês).

Combinados, China, Índia e países do Sudeste Asiático vão responder por três quartos do carvão consumido no mundo em 2023, relata a Bloomberg. “A demanda continua teimosamente alta na Ásia, mesmo com muitas dessas economias aumentando significativamente as fontes renováveis de energia”, disse Keisuke Sadamori, diretor de mercados de energia e segurança da IEA.

A expectativa de um novo recorde se baseia no que ocorreu nos primeiros seis meses deste ano. Segundo estimativa da agência, a demanda por carvão deve ter crescido cerca de 1,5% no primeiro semestre, para cerca de 4,7 bilhões de toneladas, impulsionada por um aumento de 1% na geração de energia elétrica e de 2% nos usos industriais não elétricos.

Por região, a demanda caiu mais rápido do que o esperado nos Estados Unidos e na União Europeia – 24% e 16%, respectivamente. No entanto, a demanda dos dois maiores consumidores, China e Índia, cresceu mais de 5%, mais do que compensando as quedas em outros lugares.

O relatório da IEA destaca o desequilíbrio global da transição energética, à medida que os países em processo de industrialização se apegam a formas de produção poluentes. É um lembrete claro de que, apesar da aceleração da energia limpa na Europa e na América do Norte, grande parte dos setores industriais e de energia do mundo continua profundamente ligada aos combustíveis fósseis. O que tristemente indica que mais meses com calor recorde estão a caminho, com efeitos cada vez mais trágicos para a humanidade.

O recorde de consumo de carvão foi noticiado também por Wall Street Journal e CNBC.

ClimaInfo, 28 de julho de 2023.

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