Temperatura de superfície de oceanos bate recorde de calor

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Saad Alaiyadhi / Pexels

A temperatura da superfície dos oceanos bateu recorde de calor na semana passada, mais um reflexo da junção de mudança climática e El Niño.

De acordo com o serviço meteorológico Copernicus, da União Europeia, a temperatura média diária global da superfície do mar (SST, sigla em inglês) atingiu 20,96oC na última semana, quebrando ligeiramente o recorde de 20,95oC que se mantinha desde 2016. Como naquele ano, o pico de calor é resultado da interação entre aquecimento global e o fenômeno meteorológico El Niño.

Os dados preocupam especialistas não apenas pelo calor em si, mas pelo momento no qual ele acontece. Em geral, os oceanos terrestres atingem sua temperatura média mais alta no mês de março, e não em agosto, como agora. “O fato de termos visto o registro neste momento me deixa nervosa sobre o quanto o oceano pode ficar mais quente entre agora e março próximo”, disse Samantha Burgess, da Copernicus, citada pelo Guardian.

Como a BBC explicou, os oceanos mais quentes causam uma série de problemas para a vida na Terra. Primeiro, a água aquecida reduz a capacidade de absorver dióxido de carbono da atmosfera. Segundo, a taxa de derretimento das geleiras nos Polos Norte e Sul pode aumentar, contribuindo para elevar o nível do mar. Terceiro, oceanos mais quentes também afetam a biodiversidade marinha, com alterações de habitat e de comportamento de algumas espécies. Sem falar, claro, no branqueamento generalizado de corais de recife, como a Grande Barreira no norte da Austrália.

Algumas ondas de calor marinhas neste ano trouxeram preocupação aos cientistas pelos ineditismo e danos causados aos ecossistemas locais. No sul da Flórida (EUA), por exemplo, o calor recente deixou a água marinha na temperatura de uma banheira de hidromassagem, o que resultou em um branqueamento repentino de vários recifes de corais.

“O que estamos vendo é um aumento maciço. São cerca de 15 anos de tendência de aquecimento de longo prazo em um ano”, pontuou Gregory C. Johnson, oceanógrafo da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) dos EUA, à CNN.O calor oceânico ao redor do mundo também foi destacado por AFP, Al-Jazeera, Euronews e Independent, entre outros veículos.

ClimaInfo, 7 de agosto de 2023.

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