Guerra na Ucrânia e calor extremo ameaçam cadeias globais de alimentos

Guerra Ucrânia alimentação
Kerstin Riemer / Pixabay

Calor extremo na América do Norte, Ásia e Europa, junto com impactos da guerra na Ucrânia, devem intensificar problemas no fornecimento global de alimentos.

A invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro do ano passado inaugurou um período de forte instabilidade nos preços globais dos alimentos, reflexo principalmente da alta do petróleo e da disrupção da produção de grãos na Ucrânia, grande fornecedora de mercados na Europa, África e Ásia. O cenário, que já é difícil, pode se tornar ainda mais desafiador nos próximos meses, resultado das fortes ondas de calor que assolam partes do Hemisfério Norte neste verão.

Como o NY Times pontuou, uma combinação de calamidades – guerra, clima extremo e o crescente protecionismo de alguns produtores rurais para o comércio de alimentos – deixou o abastecimento de itens alimentícios mais vulnerável e menos preparado para absorver qualquer interrupção. “Este é o novo normal agora, com mais volatilidade e imprevisibilidade, seja nos preços das commodities ou nos preços dos alimentos”, disse Dennis Voznesenski, analista da Rabobank.

Na Ucrânia, a guerra inviabilizou a produção em boa parte de suas lavouras. Até o mês passado, por conta de acordo costurado pela ONU e Turquia, os russos vinham permitindo o escoamento via Mar Negro daquilo que a Ucrânia conseguia produzir. No entanto, o governo de Vladimir Putin se retirou do acordo e vem atacando sistematicamente a infraestrutura portuária em Odessa e outros portos ucranianos.

Outros celeiros agrícolas globais estão sofrendo com os efeitos do forte calor deste verão. O jornal espanhol El País abordou a situação em grandes produtores na Ásia, como Índia e Indonésia, que estão obtendo safras bem abaixo do esperado. Isso causou uma disparada no preço dos alimentos no mercado doméstico, o que forçou os governos a impor restrições à exportação de alimentos essenciais, como arroz.

Na China, o problema tem sido as fortes chuvas que atingiram o norte do país. De acordo com a Reuters, as enchentes decorrentes dessas tempestades prejudicaram as safras de milho e arroz no principal cinturão produtor de grãos do norte chinês. Ainda não há estimativa clara sobre as perdas, mas especialistas indicam que ao menos 2% da safra esperada de milho – que corresponde a cerca de 5 milhões de toneladas do grão – deve ter sido perdida só nas últimas semanas.

Na América do Sul, a seca provocou quebra de safra no Centro-Sul do Brasil, no Paraguai e em partes da Argentina e Uruguai.

 

ClimaInfo, 14 de agosto de 2023.

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