As relações entre calor extremo, saúde mental e racismo ambiental

calor e saúde mental
Sasin Tipchai / Pixabay

Além do mal-estar físico, as altas temperaturas podem provocar mudanças de humor e agravar distúrbios mentais. E os efeitos podem ser piores em grupos vulneráveis.

O agravamento da crise climática tem feito as ondas de calor ficarem mais intensas, frequentes e prolongadas. E temperaturas muito altas podem prejudicar não apenas o corpo, mas também a mente. Por isso, cientistas defendem a urgência de abordar os impactos do calor extremo sobre a saúde mental.

Pesquisadores constataram uma forte associação entre altas temperaturas e o aumento do número de suicídios, informam New York Times, Folha e Indian Express. O calor forte também tem sido relacionado a um aumento na criminalidade e em agressões violentas, às entradas nas emergências hospitalares, a hospitalizações por transtornos mentais e em mortes, especialmente entre pessoas com esquizofrenia, demência, psicose e abuso de substâncias, reforça o Guardian.

Mas as temperaturas altas são ainda piores para as populações vulneráveis. Um estudo publicado no Journal of Epidemiology and Community Health conclui que o calor extremo contínuo pode piorar o declínio cognitivo nesses grupos ​​– particularmente nos idosos negros e em quem vive em bairros pobres, informa o News Medical.

Foram analisados dados de quase 9.500 adultos dos Estados Unidos com 52 anos ou mais ​​durante um período de 12 anos (2006-2018), como parte do Estudo de Saúde e Aposentadoria da Universidade de Michigan, que mede a função cognitiva dos participantes ao longo do tempo. Os pesquisadores ainda analisaram medidas socioeconômicas dos bairros onde as pessoas viviam.

O estudo também calculou a exposição cumulativa dos participantes ao calor extremo no período, com base em dados históricos de temperatura. E verificou que a alta exposição ao calor extremo estava associada a um declínio cognitivo mais rápido entre residentes de bairros pobres do que de bairros mais ricos.

Além disso, a pesquisa constatou um declínio cognitivo mais rápido entre idosos negros. “Uma possível explicação é que os idosos negros podem ter experimentado desvantagens sistêmicas desproporcionais ao longo das suas vidas, devido ao racismo estrutural, à segregação e a outras políticas discriminatórias, que podem afetar a reserva cognitiva”, disse Virginia Chang, professora associada de ciências sociais e comportamentais da Escola de Saúde Pública Global da Universidade de Nova York e autora sênior do estudo.

 

ClimaInfo, 28 de agosto de 2023.

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