Milícias “caçam” imigrantes ilegais por causa de incêndios florestais na Grécia

Grécia incêndios florestais
sippakorn yamkasikorn / Pixabay

Enquanto sofre com incêndios persistentes, a Grécia também registra perseguições a imigrantes acusados de incendiários sem provas por grupos armados na fronteira com a Turquia.

Os incêndios que devastaram a região de Evros, no nordeste da Grécia, nas últimas semanas criaram uma grave crise de segurança pública que pode se tornar um problema humanitário preocupante para a União Europeia. Milícias armadas estão perseguindo imigrantes que atravessam ilegalmente a fronteira a partir da Turquia, sob a acusação de que eles seriam os responsáveis pelo fogo.

Na internet, vídeos de imigrantes amarrados na caçamba de caminhões e furgões viralizaram nos últimos dias na Grécia. Contas ligadas a grupos de extrema-direita e neonazistas proliferam boatos de que os incêndios teriam sido causados pelos imigrantes, sem qualquer tipo de evidência crível.

“Há um boato generalizado e os políticos locais estão usando-o como uma ferramenta política porque é fácil culpar os refugiados. Eles não têm voz”, disse Lefteris Papayannakis, diretor do Instituto Grego para Refugiados, à Euronews. Autoridades locais também estão recorrendo a esse subterfúgio preconceituoso para escapar das críticas sobre a falta de preparo para conter e combater o fogo.

“O governo e os meios de comunicação gregos têm alimentado os ‘caçadores de imigrantes’, de estilo vigilante, desde 2020, permitindo-lhes cometer crimes racistas com total impunidade”, destacou a entidade Alarm Phone, que ajuda refugiados que necessitam de resgate no mar.

Enquanto isso, segue a batalha dos bombeiros contra o fogo na região de Alexandrópolis, em Evros. O incêndio já é o maior registrado na União Europeia até hoje e consumiu uma área de mais de 808 km2, superior ao território de Goiânia (728,8 km2) e mais da metade da área da cidade de São Paulo (1.521 km2).

De acordo com a AFP, 11 aviões e um helicóptero da União Europeia estão ajudando no combate ao fogo, juntamente com 407 bombeiros. O fogo em Alexandrópolis ainda está fora de controle, especialmente na região do parque nacional Dadia, um santuário natural de aves de rapina.

“Estamos tentando defender o resto da área não afetada antes que a linha de frente do fogo chegue”, disse à Reuters Jiri Nemcik, líder da equipe de bombeiros da República Tcheca que apoia as operações contra o fogo na Grécia. “O desenvolvimento do fogo é muito dinâmico, por isso é muito perigoso”.

ABC News, Al-Jazeera e Washington Post também abordaram a situação dos incêndios na Grécia.

 

ClimaInfo, 31 de agosto de 2023.

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