A descoberta de 19 corpos carbonizados de provaveis imigrantes ilegais feita depois de incêndio florestal provoca nova discussão sobre a questão dos refugiados na Grécia.
As equipes que combatem os incêndios florestais no Nordeste da Grécia, nas proximidades da fronteira com a Turquia, fizeram uma descoberta estarrecedora na última 3ª feira (22/8), quando 19 corpos carbonizados foram avistados em uma área recém-queimada. Os restos mortais foram encontrados em uma cabana perto de um parque nacional em Alexandroupolis, na região de Evros.
De acordo com Al-Jazeera, o grupo, supostamente composto por duas crianças e 16 adultos, provavelmente tentava fugir das chamas, mas a velocidade do fogo acabou inviabilizando qualquer salvação. A probabilidade de serem imigrantes ilegais é alta, já que Evros é considerada uma “porta de entrada” de pessoas que buscam refúgio nos países da União Europeia.
Citado pelo Washington Post, o ministro grego da Migração, Dimitris Kairidis, lamentou a morte dos 18 prováveis imigrantes e reiterou que o fato “confirma, mais uma vez, os perigos da imigração ilegal”. Ele também denunciou a “atividade assassina de traficantes criminosos” que “põe em perigo a vida de muitos imigrantes, tanto em terra como no mar, todos os dias”.
Mas a atitude criminosa não está limitada àqueles que facilitam a entrada ilegal de pessoas na Grécia. O jornal El País destacou uma notícia preocupante: milícias locais estão sendo formadas na região de Evros para “caçar” imigrantes, acusados pela população de serem os responsáveis pelos incêndios florestais que devastaram o país neste verão.
Em nota, a Anistia Internacional condenou a retórica racista que vem emergindo nas redes sociais contra imigrantes na Grécia depois dos incêndios, especialmente entre grupos extremistas de direita, e pediu às autoridades do país que condenem e investiguem qualquer ato de violência ou racismo contra imigrantes.
“As 19 pessoas mortas pelos incêndios florestais no norte da Grécia são vítimas de duas grandes injustiças do nosso tempo. Por um lado, as mudanças climáticas catastróficas, que os governos não estão resolvendo e que estão agravando a escala dos incêndios florestais em todo o mundo. (…) Por outro lado, a falta de acesso a rotas seguras e legais para pessoas em movimento e a persistência de políticas de migração baseadas na exclusão racializada e na dissuasão mortal”, disse a Anistia.
BBC e Guardian também repercutiram a notícia.
ClimaInfo, 25 de agosto de 2023.
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