Bancos investem trilhões de dólares em projetos de energia fóssil no Sul Global

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ActionAid.org

Países do Sul Global sofrem mais com crise climática e carecem de recursos, enquanto os bancos aplicam US$ 3,2 trilhões em combustíveis fósseis na região.

Os bancos estão investindo trilhões de dólares na expansão das indústrias de maiores emissões de gases de efeito estufa no Sul Global, notadamente combustíveis fósseis e agronegócio.

Instituições financeiras globais, incluindo o HSBC, o Citigroup e o Barclays, liberam, em média, 20 vezes mais financiamentos para as principais causas das mudanças climáticas do que os recursos que os governos desses países recebem para soluções contra a crise climática.

Os dados fazem parte do relatório “How the Finance Flows: The banks fuelling the climate crisis”, da ActionAid, feito em parceria com a consultoria Profundo e lançado na 2ª feira (4/9). As instituições compilaram dados sobre empréstimos e subscrições dos principais bancos internacionais a empresas de combustíveis fósseis e do agronegócio, explicam Guardian e Euronews.

De acordo com o documento, entre 2016 e 2022 os bancos forneceram US$ 3,2 trilhões à indústria dos combustíveis fósseis para a expansão das operações no Sul Global. Nesse mesmo período, os principais bancos internacionais emprestaram e subscreveram pelo menos US$ 370 bilhões para a expansão da agricultura industrial global baseada no Sul.

“Esse relatório não deve ser ignorado pelos bancos que financiam a crise climática. O dinheiro do mundo está fluindo na direção errada. Desde o Acordo de Paris, os bancos forneceram 20 vezes mais financiamento para combustíveis fósseis e atividades agrícolas industriais no Sul Global do que os governos do Norte Global forneceram como financiamento climático aos países na linha da frente da crise climática. Isso é um absurdo e deve parar”, avalia o secretário-Geral da ActionAid Internacional, Arthur Larok.

O relatório mostra que os principais bancos de cada região que financiam combustíveis fósseis e agricultura industrial no Sul Global são HSBC, BNP Paribas, Société Générale e Barclays, na Europa; Citibank, JPMorgan Chase e Bank of America, nas Américas; e Banco Industrial e Comercial da China, China CITIC Bank, Banco da China e Mitsubishi UFJ Financial, na Ásia.

Em tempo: Inspirados pela famosa frase atribuída à rainha francesa Maria Antonieta – “Eles não têm pão? Que comam brioches!” –, ativistas da organização ANV-COP21 fizeram um protesto criativo contra a petroleira Total Energies, que “há mais de 50 anos contribui ativa e conscientemente para promover alterações climáticas no planeta”, mostra o Conexão Planeta. No leito seco do rio Agly, próximo à cidade de Perpignan, no sul da França, os ativistas usaram tinta orgânica num afresco gigante, que se baseia nos contornos do logotipo da Total – representando a silhueta de um personagem bebendo direto de uma mangueira de gasolina –, acompanhado pelo slogan irônico “Eles não têm mais água? Que bebam petróleo!”. Com a ação, denunciam a responsabilidade histórica e atual da empresa pelas mudanças climáticas e pela intensificação das secas que assolam a França. Vale lembrar que, por vários anos, a Total tentou explorar petróleo na foz do Rio Amazonas, hoje cobiçada pela Petrobras. Em 2018, desistiu do projeto, após mais um pedido de licença negado pelo IBAMA.

 

ClimaInfo, 5 de setembro de 2023.

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