Primeira conferência climática da África foca em soluções e financiamento 

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A despeito da defesa conjunta por mais recursos e foco internacional, países africanos estão em desacordo sobre o caminho do continente para a transição energética.

O Quênia recebe nesta semana a primeira cúpula de chefes de estado e de governo dos países da África para a questão climática. Realizado no âmbito da União Africana, o encontro tem como propósito construir uma estratégia conjunta dos governos africanos para as negociações climáticas internacionais. No entanto, fora os pedidos por mais financiamento internacional, pouca coisa parece convergir em um entendimento.

O Guardian destacou a divisão dos países africanos acerca do caminho a seguir na transição energética. Enquanto Etiópia, Quênia, Egito e África do Sul têm pautado a geração de energia renovável como uma prioridade, os principais exportadores de petróleo e gás do continente, como Nigéria e Senegal, defendem seu direito a explorar esses recursos para promover o crescimento econômico e facilitar o acesso à energia.

Outra preocupação dos líderes africanos é a viabilização de novos projetos de financiamento baseado na preservação de florestas. A Reuters informou que investidores dos Emirados Árabes Unidos (EAU), futuros anfitriões da COP28 no final do ano, prometeram comprar cerca de US$ 450 milhões em créditos de carbono da Iniciativa Africana de Mercados de Carbono (ACMI), lançada na última COP27 no ano passado.

“Durante muito tempo, encaramos [a questão climática] como um problema. Existem também imensas oportunidades”, argumentou o presidente queniano, William Ruto, citado pela Al-Jazeera, durante a abertura da cúpula nesta 2ª feira (4/9). “Não estamos aqui para catalogar queixas”.

De fato, o tom dos textos em negociação no Quênia é de posicionamento da África como um berço de soluções para a crise climática. De acordo com a Bloomberg, um dos documentos sustenta que o continente africano “pode desempenhar um papel significativo na manutenção do aumento da temperatura média global dentro do objetivo de 1,5ºC”.

Nesse sentido, um dos compromissos em discussão define uma meta de aumento da geração de eletricidade a partir de fontes renováveis para 60% da matriz elétrica africana até 2030, triplicando a proporção atual. A AFP deu mais informações sobre a proposta.

Enquanto os líderes políticos discutem os caminhos e possibilidades da África no enfrentamento à crise climática, a vulnerabilidade particular do continente mais pobre do mundo a essas mudanças segue preocupante. A Associated Press destacou a necessidade latente dos países africanos por investimentos em adaptação climática, em especial o monitoramento meteorológico: atualmente todo o continente africano conta apenas com 37 instalações de radar para monitorar as condições meteorológicas.

 

ClimaInfo, 5 de setembro de 2023.

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