
Lula herda um G20 dividido e precisará de muito esforço, inclusive doméstico, para unir países ricos e pobres por mais ação climática antes da COP30.
A Índia ainda está no comando rotativo do G20, mas a pressão das divisões e tensões dentro do grupo das 20 maiores economias do mundo começa a ser sentido pelo Brasil, que assumirá a presidência do bloco em dezembro.
Parte importante da estratégia brasileira para preparar o terreno para a COP30 de Belém, em 2025, o G20 enfrenta seu momento político mais delicado, com divergências acentuadas entre muitos de seus principais integrantes.
Entre os espinhos geopolíticos que sangram o G20 estão a guerra na Ucrânia, que distanciou os países desenvolvidos, contrários a Moscou, dos países em desenvolvimento, que seguem majoritariamente neutros ou simpáticos ao governo de Putin; as tensões entre Estados Unidos e China, que ensaiam uma “nova Guerra Fria” com disputas políticas, econômicas e tecnológicas; e os desentendimentos (antigos e mal-resolvidos) entre China e Índia em torno de territórios fronteiriços e interesses econômicos na região asiática.
Esse é o pano de fundo que desafiará o presidente Lula no comando do G20 no próximo ano. Como Jamil Chade relatou no UOL um alto ceticismo dos governos nacionais, não apenas com o G20, mas com o sistema internacional como um todo. A fragmentação crescente no plano global está esvaziando as iniciativas multilaterais, o que dificulta a costura de respostas coletivas a problemas comuns, como é o caso das mudanças climáticas.
“Não podemos deixar que questões geopolíticas sequestrem a agenda de discussões de várias instâncias do G20. Não nos interessa um G20 dividido”, argumentou Lula em seu discurso na cúpula do G20 em Nova Deli neste domingo (10/9). “Só com uma ação conjunta podemos fazer frente aos desafios dos nossos dias. Precisamos de paz e cooperação em vez de conflito”.
Lula lembrou o desastre das chuvas no Rio Grande do Sul para reiterar um dos pontos que devem marcar a gestão brasileira no G20 – a cobrança por novos financiamentos climáticos para os países em desenvolvimento. “Desde a COP de Copenhague, os países ricos deveriam prover US$ 100 bilhões em financiamento climático novo e adicional aos países em desenvolvimento. Essa promessa nunca foi cumprida”, disse.
O presidente também anunciou que o Brasil pretende lançar uma força-tarefa de mobilização global contra a mudança climática no G20: “Queremos chegar na COP30, em 2025, com uma agenda climática equilibrada entre mitigação, adaptação, perdas e danos e financiamento, assegurando a sustentabilidade do planeta e a dignidade das pessoas.”
Estadão, Folha, O Globo, UOL e Valor, entre outros, repercutiram a fala de Lula em Nova Déli.
ClimaInfo, 11 de setembro de 2023.
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