Pico de consumo de combustíveis fósseis será antes de 2030, prevê IEA

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Demanda mundial de petróleo, gás e carvão começará a diminuir nesta década, marcando o “começo do fim” da era dos combustíveis fósseis, diz Fatih Birol.

A Agência Internacional de Energia (IEA, sigla em inglês) projetou pela primeira vez que o consumo de combustíveis fósseis atingirá o pico antes de 2030 e entrará em declínio permanente, à medida que as políticas climáticas entrarem em vigor. A informação foi antecipada pelo diretor-executivo da IEA, Fatih Birol, em artigo no Financial Times.

Birol sugere que mesmo que os governos não façam mais do que já estão fazendo para reduzir o consumo de combustíveis fósseis, a procura por petróleo, gás fóssil e carvão vai chegar a um ponto-limite nos próximos anos. A projeção será detalhada na edição de outubro do World Energy Outlook, relatório mensal produzido pela agência, informa o Oilprice.com.

“Os picos para os três combustíveis fósseis são uma visão bem-vinda, mostrando que a mudança para sistemas energéticos mais limpos e seguros está sendo acelerada e que os esforços para evitar os piores efeitos das alterações climáticas estão progredindo”, escreveu o líder da IEA.

Apesar disso, Birol também assinala que a queda de demanda prevista ainda “não é suficientemente acentuada” para colocar o mundo no caminho de limitar o aumento de temperatura a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais, destaca o Guardian. A medida, determinada pelo Acordo de Paris, é crucial para se evitar uma catástrofe climática.

Além do “crescimento espetacular” da energia limpa, incluindo painéis solares e veículos elétricos, Birol também destacou as mudanças estruturais na economia da China – afastando-se das indústrias pesadas de uso intensivo de energia – e a transição acelerada da Europa para longe do gás fóssil, após a invasão da Ucrânia pela Rússia.

Já a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) manteve nesta 3ª feira (12/9) suas previsões de crescimento na demanda global por petróleo em 2023 e 2024, citando que as principais economias do mundo estão se saindo melhor do que o esperado, destaca a Reuters. O consumo aumentará 2,25 milhões de barris por dia (bpd) em 2024, número menor que o de 2023, de 2,44 milhões de bpd em 2023, afirmou a OPEP em seu relatório mensal. As duas previsões, contudo, permaneceram inalteradas em relação ao mês passado.

A projeção da IEA também foi repercutida por Wall Street Journal, Energy Portal, Forbes, Upstream.

Em tempo: A despeito de seu discurso em apoio à economia de baixo carbono, o Banco Mundial despejou bilhões de dólares no setor de combustíveis fósseis em todo o mundo no ano passado. O Urgewald, grupo que acompanha o financiamento global dos combustíveis fósseis, descobriu que o banco forneceu em 2022 cerca de US$ 3,7 bilhões em financiamento comercial – modalidade menos transparente que o financiamento de projeto padrão – que provavelmente acabaram por financiar desenvolvimentos de petróleo e gás fóssil, informa o Guardian.

 

ClimaInfo, 13 de setembro de 2023.

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