Especialistas pedem moratória global para projetos de geoengenharia climática

geoengenharia climática
John / Pixabay

Novo relatório sugere considerar possibilidades de geoengenharia solar para conter aquecimento global, mas defende uma moratória global prévia até que novos estudos esclareçam os riscos.

Um relatório divulgado nesta 5a feira (14/9) causou polêmica entre especialistas climáticos. O documento apresentado pela Climate Overshoot Commission, que reúne especialistas e lideranças internacionais, sugeriu novas pesquisas sobre a geoengenharia, principalmente na forma de gestão da radiação solar, como maneira para reduzir a quantidade de radiação solar que atinge a superfície terrestre.

O documento inclui a geoengenharia em um rol de ações potenciais para os países restringirem o aquecimento global dentro dos limites definidos pelo Acordo de Paris. De acordo com o relatório, os governos devem avançar na eliminação gradual dos combustíveis fósseis, em investimentos na adaptação aos impactos da mudança do clima e no uso de tecnologias para remoção do dióxido de carbono da atmosfera.

Ao mesmo tempo, o documento também sugere uma moratória global que impeça projetos de geoengenharia solar enquanto não houver clareza sobre potenciais efeitos colaterais dessa tecnologia. “Há uma discussão internacional crescente sobre o gerenciamento da radiação solar. Mas o perigo reside nas consequências não intencionais e nas consequências transfronteiriças”, comentou Pascal Lamy, ex-chefe da Organização Mundial do Comércio (OMC) que presidiu a comissão responsável pelo relatório, ao Guardian.

A ambiguidade do relatório sobre a questão da geoengenharia causou incômodo entre os cientistas. Alguns integrantes e representantes de grupos jovens que acompanhavam o trabalho se desligaram da comissão antes da conclusão do relatório, citando preocupações com o foco na geoengenharia solar como uma opção legítima contra a crise climática.

“Este relatório enquadra a remoção de carbono e a geoengenharia solar como estratégias-chave para enfrentar o aquecimento global, embora sejam, na verdade, tecnologias altamente especulativas e falsas soluções para a crise climática”, argumentou Lili Fuhr, do Center for International Environmental Law (CIEL).

A Reuters também repercutiu a notícia.

 

ClimaInfo, 15 de setembro de 2023.

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