Desastre natural ou crime político?

DESASTRE NATURAL OU CRIME POLÍTICO
Mateus Bruxel / RBS
Como minimizar os danos dos eventos climáticos extremos?

O número de desastres ditos naturais aumentou cinco vezes nos últimos cinquenta anos, segundo  Organização Meteorológica Mundial. Agora, é a vez do Rio Grande do Sul chorar suas centenas de mortos e desaparecidos pelas chuvas intensas. Mas quantos outros estados e municípios já sofreram e sofrem o mesmo com chuvas, secas, ondas de calor e de frio fora do que era normal? 

Desastres “naturais” têm se tornado praticamente crimes políticos anunciados, uma vez que não há nada de natural quando é possível prever, reduzir e evitar o sofrimento.

Mas o que precisamos fazer para correr contra o tempo e minimizar os danos causados pelos eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes e intensos no Brasil e no mundo? Quais são os gargalos no país para enfrentarmos as mortes provocadas por estes fenômenos?

Elencamos:

  1. Implantação de Centros de Monitoramento e Sistemas de Alerta integrados ao sistema federal do Cemaden e devidamente equipados com recursos humanos e tecnológicos.
  2. Envolvimento da população no desenho dos protocolos de ação nos momentos de risco.
  3. Redesenho dos sistemas de Defesa Civil para que estes sejam capazes de lidar com a nova configuração climática.
  4. Implantação de mecanismos de controle social da ação dos gestores públicos envolvidos.
  5. Adequação da infraestrutura urbana para o enfrentamento dos eventos climáticos extremos como políticas adequadas de moradia, saneamento, contenção de encostas, dragagem de sistemas de drenagem, readequação viária e dos sistemas de transporte, limpeza de vias etc.
  6. Educação ambiental como compromisso público.
  7. Combate à desinformação climática.

Como o jornalista Leonardo Sakamoto gosta de repetir: “Não precisamos de governantes otimistas, que acreditam na possibilidade de chover menos, ou de administradores religiosos, que rezam por uma trégua dos céus, terceirizando a responsabilidade para Deus. E, sim, de gente que espera o pior e age preventivamente, não culpando as forças do universo pelo ocorrido, muitos menos a estatística e a meteorologia”. 

Estas falhas custam vidas e não podemos mais aceitar a justificativa padrão do “choveu mais do que o previsto, então não dava para fazer nada”. O nome disso é Emergência Climática e já passou da hora de governos e empresas se responsabilizarem e agirem.

 

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Por Diana Sampaio, ClimaInfo

 

ClimaInfo, 18 de setembro de 2023.

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