Crise climática e El Niño multiplicam desastres ao redor do mundo

crise climática El Niño 2023
Chris Gallagher / Unsplash

Cientistas alertam há tempos que eventos extremos devem ser cada vez mais comuns com agravamento da crise climática. Com o El Niño, a situação piora.

O tufão Haikui, que devastou Hong Kong e provocou tempestades por vários dias consecutivos no sul da China, foi o primeiro de uma série de acontecimentos climáticos extremos que atingiram dez países e territórios em apenas 12 dias do mês de setembro, informa a CNN. O mais catastrófico ocorreu na Líbia, onde os efeitos do “medicane” Daniel já mataram mais de 11.000 pessoas. Aqui, um ciclone extratropical arrasou parte do Rio Grande do Sul e matou quase 50 pessoas.

Os cientistas alertam há tempos que tais acontecimentos climáticos extremos podem se tornar cada vez mais comuns e ocorrer em qualquer lugar do planeta, à medida que a crise climática se acelera, informa o Estadão. Agora o recado é ainda mais claro: os governos devem correr atrás do tempo perdido e se preparar para essas calamidades.

Especialistas ouvidos pelo Jornal Nacional reforçam a responsabilidade do aquecimento global, resultado da mudança climática, como uma das causas. Mas também destacam o papel do El Niño nesses eventos extremos.

“Não só as ondas de calor no Hemisfério Norte. Por exemplo, normalmente os furacões no Golfo do México, no Atlântico Norte, são menos intensos durante anos do El Niño. Mas este ano há uma situação de furacões acima do normal. Já estamos experimentando agora aquilo que só deveria estar acontecendo no futuro e, obviamente, os extremos meteorológicos, quando afetam áreas vulneráveis e expostas, viram desastres naturais”, explica o climatologista José Antonio Marengo, coordenador de pesquisas do CEMADEN.

O ABC News destaca que os cientistas climáticos dizem que “nunca viram nada” como o El Niño deste ano. E, como informa a Folha, há mais de 95% de chance de que o El Niño continue durante o verão do Hemisfério Sul, de janeiro a março de 2024, trazendo condições mais extremas, prevê o Climate Prediction Center (CPC), do governo dos Estados Unidos.

O verão de 2023 no Hemisfério Norte foi o mais quente da Terra desde que os registros globais começaram, em 1880, de acordo com cientistas do Instituto Goddard de Estudos Espaciais (GISS, sigla em inglês) da NASA. O novo recorde surge num momento em que um calor excepcional varreu grande parte do mundo, exacerbando incêndios florestais mortais no Canadá e no Havaí, e ondas de calor abrasadoras na América do Sul – que, lembremos, ainda está no inverno –, no Japão, na Europa e nos EUA, ao mesmo tempo que provavelmente contribuiu para fortes chuvas em Itália, Grécia e Europa Central, explica a NASA.

“Todo esse caldo fervilhante das mudanças climáticas tem contribuído para desastres em todo o mundo. Quase metade da população mundial – mais de 3,8 bilhões de pessoas – viveu pelo menos 30 dias de temperaturas significativamente mais altas entre junho e agosto devido às alterações climáticas causadas pelo homem, segundo uma análise publicada na semana passada pela organização científica Climate Central”, lembra Giovana Girardi na Agência Pública.

 

ClimaInfo, 19 de setembro de 2023.

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