Ondas de calor, queimadas e seca: os efeitos das mudanças climáticas na Amazônia

Amazônia fumaça queimadas
METSUL

Acre, Amazonas e Rondônia sofrem com calor crescente, queimadas sem controle e rios secando, a ponto de afetar o tráfego hidroviário e ameaçar o abastecimento.

O governador do Acre, Gladson Cameli (PP), decretou emergência no estado em decorrência da superlotação das unidades de saúde, por causa da má qualidade do ar. Cameli já havia decretado emergência ambiental. Em agosto, o Ministério da Justiça e Segurança Pública autorizou o envio da Força Nacional ao Acre para atuar no enfrentamento às queimadas no estado.

A capital, Rio Branco, não teve nenhum registro de chuva durante todo o mês de julho de acordo com dados da estação meteorológica do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). A temperatura máxima do mês na cidade foi de 38°C – a maior dos últimos 63 anos. A falta de água na torneira das casas da cidade virou rotina devido à estiagem, detalha o Estadão.

Na Amazônia, queimadas crescentes, calor recorde e seca não são exclusividade do Acre e comprovam os efeitos das mudanças climáticas na região. Na semana passada, o Amazonas também decretou emergência ambiental por causa do fogo. O número de focos de incêndio detectados no estado já supera a média histórica para setembro, mesmo antes do mês terminar, segundo análise da CNN, com base nos dados do INPE.

Na 4ª feira (20/9), Manaus, capital do estado, foi novamente atingida por fumaça de queimadas, relatam g1 e BNC Amazonas. Prédios do Centro da cidade, incluindo o simbólico Teatro Amazonas, ficaram escondidos pela nuvem cinzenta.

A grave seca que atinge o estado e o rio Amazonas já começa a impactar o transporte de cargas por hidrovia e poderá afetar o escoamento da Zona Franca de Manaus, informam Valor e Época Negócios. A temporada de secas, em geral de outubro a dezembro, sempre reduz o nível dos rios. Mas, neste ano, a estiagem começou antes do habitual.

O tráfego no rio Amazonas já está com restrições na região da foz do rio Madeira. Navios com 11,5 metros de calado já não passam com capacidade total. O tráfego noturno foi bloqueado, relata o Valor. “Em 2022, a seca não foi tão grave, e a perda de capacidade foi de 40%. Neste ano pode chegar a 60%”, disse Luis Resano, diretor-executivo da Associação Brasileira de Armadores de Cabotagem.

Em Rondônia, a travessia de balsa pelo rio Jamari, na BR-459, em Alto Paraíso, pode ser suspensa, pois segundo a Defesa Civil de Ariquemes, o rio chegou à marca de 1,20 metro e está abaixo da média, de acordo com o g1. Atualmente, a balsa é um dos principais acessos aos moradores de Alto Paraíso até a BR-364. Cerca de mil carros fazem a travessia diariamente.

Em tempo: A fumaça das queimadas na Amazônia não afeta apenas os estados da região e chegam a milhares de quilômetros de distância. Pela primeira vez em 2023, o Rio Grande do Sul sofre a influência de um corredor de fumaça de queimadas vindo da região amazônica. Dados de satélites e de modelos de dispersão de aerossóis confirmam que um corredor de fumaça alcançou o território do estado e sua origem é a região transnacional da Amazônia, informa o MetSul.

 

ClimaInfo, 22 de setembro de 2023.

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