Empresas reclamam por não terem sido ouvidas pelo governo britânico antes de adiar meta para proibição de venda de novos carros a combustão para 2035.
O governo do primeiro-ministro Rishi Sunak no Reino Unido conseguiu a proeza de irritar ativistas climáticos, políticos e a indústria automotiva ao adiar o prazo para a proibição da venda de novos carros a combustão de 2030 para 2035. Representantes do setor reclamam que a mudança atrapalha o planejamento e pode representar mais custos, além de atrasar os investimentos necessários para eletrificar a frota automotiva britânica.
“[A meta] mudou porque se tornou parte de um debate político”, disse à Reuters Philip Nothard, da Cox Automotive. “O momento envia a mensagem de que as coisas podem mudar novamente, tornando difícil para as empresas gerirem as suas estratégias de investimento”.
A decisão atrapalha também os planos das montadoras do Reino Unido para ampliar o parque industrial de carros elétricos. Esse movimento é visto como vital para que a indústria britânica possa garantir competitividade frente a outros produtores melhor posicionados hoje, como a China. O atraso na meta britânica pode tornar mais caro o financiamento de novos projetos industriais.
Para algumas montadoras, a decisão de Sunak é indiferente em termos estratégicos. O Guardian destacou a análise da Nissan, que promete seguir com seu plano para eletrificar seus veículos nos mercados europeus até 2030. Outras montadoras com operações na Europa, como Ford e Stellantis, também mantiveram o cronograma para vender apenas veículos elétricos a partir do final desta década.
A irritação vai além da mudança no prazo para eletrificação total dos novos carros vendidos no Reino Unido. O setor também reclama que o governo britânico mexeu apenas na meta final e manteve as metas intermediárias – entre elas, uma que exigirá que mais de 20% dos novos carros vendidos a partir de 1º de janeiro de 2024 sejam elétricos, sob pena de multa de 15 mil libras esterlinas por veículo. BBC e Guardian deram mais informações.
Entre gestores de fundos de investimento ESG, o recuo britânico em seus compromissos climáticos também foi mal-recebido. “Foi um choque total”, reclamou Ian Simm, da Impax Asset Management, à Bloomberg. Para ele, a mudança representa “um risco para qualquer pessoa que considere investimentos [verdes] no Reino Unido que dependem de política governamental”.
ClimaInfo, 26 de setembro de 2023.
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