Retrocesso em políticas climáticas no Reino Unido causa confusão entre montadoras de carros elétricos

Reino Unido carros elétricos
Wikimedia Commons

Empresas reclamam por não terem sido ouvidas pelo governo britânico antes de adiar meta para proibição de venda de novos carros a combustão para 2035.

O governo do primeiro-ministro Rishi Sunak no Reino Unido conseguiu a proeza de irritar ativistas climáticos, políticos e a indústria automotiva ao adiar o prazo para a proibição da venda de novos carros a combustão de 2030 para 2035. Representantes do setor reclamam que a mudança atrapalha o planejamento e pode representar mais custos, além de atrasar os investimentos necessários para eletrificar a frota automotiva britânica.

“[A meta] mudou porque se tornou parte de um debate político”, disse à Reuters Philip Nothard, da Cox Automotive. “O momento envia a mensagem de que as coisas podem mudar novamente, tornando difícil para as empresas gerirem as suas estratégias de investimento”.

A decisão atrapalha também os planos das montadoras do Reino Unido para ampliar o parque industrial de carros elétricos. Esse movimento é visto como vital para que a indústria britânica possa garantir competitividade frente a outros produtores melhor posicionados hoje, como a China. O atraso na meta britânica pode tornar mais caro o financiamento de novos projetos industriais.

Para algumas montadoras, a decisão de Sunak é indiferente em termos estratégicos. O Guardian destacou a análise da Nissan, que promete seguir com seu plano para eletrificar seus veículos nos mercados europeus até 2030. Outras montadoras com operações na Europa, como Ford e Stellantis, também mantiveram o cronograma para vender apenas veículos elétricos a partir do final desta década.

A irritação vai além da mudança no prazo para eletrificação total dos novos carros vendidos no Reino Unido. O setor também reclama que o governo britânico mexeu apenas na meta final e manteve as metas intermediárias – entre elas, uma que exigirá que mais de 20% dos novos carros vendidos a partir de 1º de janeiro de 2024 sejam elétricos, sob pena de multa de 15 mil libras esterlinas por veículo. BBC e Guardian deram mais informações.

Entre gestores de fundos de investimento ESG, o recuo britânico em seus compromissos climáticos também foi mal-recebido. “Foi um choque total”, reclamou Ian Simm, da Impax Asset Management, à Bloomberg. Para ele, a mudança representa “um risco para qualquer pessoa que considere investimentos [verdes] no Reino Unido que dependem de política governamental”.

 

ClimaInfo, 26 de setembro de 2023.

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