Mais de 14 milhões de hectares de soja na Amazônia e no Cerrado têm indícios de irregularidade ambiental

soja Amazônia Cerrado
ICV / Trase

Levantamento indica que cerca de 16% da área ocupada por soja na Amazônia e no Cerrado está em fazendas com fortes indícios de irregularidades ambientais.

Uma análise feita pelo Instituto Centro de Vida (ICV) e a Trase mostrou que uma parcela substancial da área ocupada por cultivos de soja na Amazônia e no Cerrado é composta por propriedades rurais em desconformidade potencial com o Código Florestal. Segundo o estudo, a soma das áreas com indícios de irregularidades ambientais chega a cerca de 14 milhões de hectares.

O estudo mapeou 19 milhões de hectares de áreas de soja na Amazônia e no Cerrado, dos quais 58% apresentavam alguma evidência de irregularidade e outros 16%, que equivalem a 3 milhões de hectares, com evidências muito fortes de não conformidade com o Código Florestal.

Esse quadro evidencia os problemas que os produtores de soja no Brasil poderão enfrentar a partir de janeiro, quando entram em vigor as restrições da União Europeia à importação de commodities associadas ao desmatamento. Só o bloco europeu comprou cerca de 7,7 milhões de toneladas de soja originados de propriedades agrícolas com desmatamento não autorizado em 2020, o que corresponde a 13% da soja produzida nessas lavouras.

Outro problema apontado pela análise é a falta de transparência nas informações sobre conformidade ambiental nos Estados. Os pesquisadores identificaram uma variação significativa no grau de detalhamento dessas informações, o que dificulta o acompanhamento e a validação da conformidade ambiental da propriedade.

“Não sei como as próprias empresas vão conseguir comprovar sem ter que pedir informação para cada fornecedor, um a um. Esse é um ponto crítico”, destacou André Vasconcelos, da Trase, à Folha. “Isso vai impactar ou pode impactar as exportações da soja do Brasil para a União Europeia. E a China está mandando sinais claros de que está começando a olhar para essa questão”.

O Globo Rural também abordou o estudo.

 

ClimaInfo, 28 de setembro de 2023.

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