Alertas de desmatamento na Bacia do São Francisco aumentam 546% em 4 anos

Rio São Francisco
Plano Nordeste Potência Divulgação

Levantamento do MapBiomas mostra perda de vegetação equivalente ao município de Juazeiro (BA) de 2019 a 2022. Na Bacia do São Francisco perdeu-se 638.338 hectares.

A área desmatada na Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco nos últimos quatro anos foi de 638.338 hectares, segundo levantamento concluído recentemente pela iniciativa MapBiomas. Os números revelam que a região do Velho Chico perdeu, de 2019 a 2022, cobertura vegetal equivalente ao tamanho do município de Juazeiro, na Bahia. 

No total, foram 18.693 alertas de desmatamento. Em 2019, foram registrados 1.087 alertas, enquanto em 2022 foram 7.028 – um aumento de 546%. 

Os dados obtidos pelo MapBiomas no mês em que o Rio São Francisco completa 522 anos do seu mais notório registro histórico – feito pelo navegador italiano a serviço de Portugal Américo Vespúcio (1451-1512) em 4 de outubro de 1501 – são um alerta para a necessidade de revitalização da maior bacia hidrográfica do Nordeste.  

A região do Submédio São Francisco, com 59% de sua área em Pernambuco, 40% na Bahia e 1% em Alagoas, registrou o maior crescimento do número de alertas de desmatamento, passando de apenas 8 em 2019 para 2.359 em 2022. 

Os números relativos à perda de vegetação são proporcionais ao incremento dos sistemas de irrigação na Bacia do São Francisco, evidenciando a conversão da vegetação nativa em área agrícola como uma das principais causas do desmatamento

No mesmo período (2019 a 2022), a área de sistemas de irrigação implantados subiu de 615.815 para 728.949 ha, um incremento de 18%. 

O avanço do desmatamento e dos sistemas de irrigação ocorre especialmente no Matopiba – acrônimo formado pelas sílabas iniciais dos Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia -, fronteira de expansão agropecuária sobre o Cerrado.

ÁGUA 

A maior parte da água do Rio São Francisco não está mais no seu leito, e sim em hidrelétricas, reservatórios e até mineradoras. Descontando essas intervenções humanas, o rio perdeu metade da superfície natural de água desde 1985, como mostrou estudo do MapBiomas divulgado no ano passado, em parceria com o Nordeste Potência.

“O Velho Chico tem sofrido com intensa exploração de seus recursos naturais. Os usos múltiplos da água e do solo da bacia são muito maiores do que a capacidade de recuperação natural, então precisamos urgentemente investir em sua revitalização”, afirma a analista política do Plano Nordeste Potência, Fabiana Couto.

MapBiomas: O MapBiomas é uma rede colaborativa, formada por ONGs, universidades e empresas de tecnologia, que revela as transformações do território brasileiro, por meio da ciência, tornando acessível o conhecimento sobre o uso da terra, a fim de buscar a conservação e combater as mudanças climáticas. Produz mapeamento anual da cobertura e uso da terra desde 1985, valida e elabora relatórios para cada evento de desmatamento detectado no Brasil desde janeiro de 2019 e monitora a superfície de água e cicatrizes de fogo mensalmente desde 1985. Todos os dados, mapas, métodos e códigos do MapBiomas são disponibilizados de forma pública e gratuita no site da iniciativa

Plano Nordeste Potência: https://nordestepotencia.org.br/ Coalizão de organizações da sociedade civil brasileira que busca promover o desenvolvimento de uma agenda verde baseada em energia renovável, inclusão e respeito às comunidades tradicionais e ao meio ambiente, para gerar benefícios para todos.

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Izabela Sanchez – 14 99643-4902 –  [email protected] 

 

Plano Nordeste Potência | Verônica Falcão – 81 99975-2722 / Marcela Balbino – 81 99481-7347

Fotos do Rio São Francisco:

https://drive.google.com/drive/folders/1IDGxhU2Yu3CGC1UXOX4eE_Bn6Hufow-r?usp=drive_link

 

ClimaInfo, 4 de outubro de 2023.

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