Enquanto Big Oil torra dinheiro em novos projetos, refinarias têm dificuldade de financiamento

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Bancos aumentam exigências para o financiamento da produção de derivados de petróleo e querem planos para zerar as emissões líquidas de gases de efeito estufa.

As grandes petroleiras anunciaram recentemente aquisições bilionárias, comprando as concorrentes Pioneer e Hess, respectivamente, e aumentando suas apostas no petróleo e gás fóssil, como mostraram Financial Times e New York Times. Já os refinadores estão suando para obter recursos. Com os bancos evitando financiar os combustíveis fósseis, projetos de refino estão sendo pressionados a mostrar que têm objetivos energéticos mais “limpos”.

Embora o negócio do refino ainda seja lucrativo – afinal, a demanda por derivados de petróleo continua alta –, obter financiamento é cada vez mais desafiador, segundo Alwyn Bowden, CEO do Complexo Energético Pengerang da Malásia. Para muitos credores, “se você tiver a palavra ‘refinaria’ em qualquer lugar do seu título, não conseguirá financiamento”, disse Bowden.

Apesar da exploração de petróleo ter atingido um máximo histórico este ano no mundo, os credores estão mais cautelosos na oferta de financiamento, informa a Bloomberg. Isso deixou o sistema de refino global sobrecarregado, aumentando o risco de gargalos e preços voláteis. Agora, os refinadores terão de mostrar que os seus negócios estão em processo de transição para metas de emissões líquidas zero, acrescentou Bowden.

O financiamento pode estar apertado para os refinadores, mas a Exxon continua buscando concorrentes para comprar. Kathy Mikells, diretora financeira da superpetroleira, disse ao Financial Times que “é importante dizer que estamos sempre à procura”. Mais energia suja está a caminho.

Em tempo 1: Todos os anos, empresas nos Estados Unidos capturam cerca de 18 milhões de toneladas métricas de dióxido de carbono, o equivalente a cerca de 4 milhões de carros nas estradas em um ano. Mas 60% do CO2 capturado nos processos industriais é usado para extrair mais petróleo, num processo conhecido como “recuperação avançada”, explica o Washington Post. “É um problema enorme”, disse Lorne Stockman, codiretor de pesquisa do grupo de defesa Oil Change International. “A indústria do petróleo e do gás fez um excelente trabalho ao cooptar a nossa política climática e de energia limpa.”

Em tempo 2: Em entrevista a Miriam Leitão n’O Globo, o secretário-geral da Opep, Haitham Al Ghais, defendeu [surpresa!] a exploração de petróleo na foz do Amazonas, no litoral do Amapá. Segundo pesquisa da entidade, o Brasil vai ser um dos únicos países em que a produção de petróleo vai continuar crescendo até 2030, chegando a quase 5,3 milhões de barris por dia. E para Al Ghais, não há conflito entre o combate aos gases de efeito estufa e a produção crescente de petróleo. Ele chega a dizer que “na OPEP, somos todos ambientalistas” [??????].

 

ClimaInfo, 30 de outubro de 2023.

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