Mesmo com demanda maior, governo deve retomar imposto sobre carros elétricos importados

carros elétricos
Mikes-Photography / Pixabay

Medida supostamente visa estimular produção nacional de carros elétricos, mas montadoras do país pressionaram governo no início do mês pedindo o fim da isenção tributária.

Em relação aos veículos movidos a combustíveis fósseis, os carros elétricos e os híbridos, movidos a eletricidade e combustão, ainda engatinham no Brasil. Mesmo com isenção do imposto de importação, já que ainda não há fabricação nacional, os preços mais altos ainda dificultam sua expansão. Mesmo assim, a venda de veículos elétricos cresceu quase 1.400% nos últimos cinco anos, e os VEs dobraram sua participação nas vendas de veículos leves, passando de 2,4% em setembro de 2022 para 5% em igual mês deste ano, detalha o Metrópoles.

Esse ritmo, porém, pode sofrer um baque. Afinal, o governo federal pretende elevar a tarifa de importação sobre VEs ou híbridos e criar cotas para reduzir o volume de carros que entrem no país com alíquota zero. A medida é uma tentativa de estimular a produção nacional de elétricos.

A medida deverá ser tomada pela Câmara de Comércio Exterior (Camex) nos próximos dias e reverter a política de tarifa de importação zero para elétricos importados desde 2015. O governo trabalha com a perspectiva de que a nova alíquota entre em vigor a partir de 1º de dezembro. Segundo fontes ouvidas pela CNN, ministérios com assento na Camex já chegaram a um consenso sobre aumentar gradualmente – ano após ano – a tarifa até o limite de 35% em 2026.

Estimular a fabricação nacional de VEs é uma decisão bem-vinda. Mas não se pode ignorar que a ANFAVEA, associação que reúne as montadoras que produzem no Brasil, pressionou o governo pelo fim da alíquota zero para esses carros, embora nem todas as montadoras concordem com o pleito.

Ao que parece, é uma investida contra as chinesas BYD e GWM, que vêm investindo pesadamente em trazer para o Brasil seus modelos elétricos e híbridos. A BYD anunciou que vai abrir uma fábrica de VEs no país, onde funcionava a Ford na Bahia. Mas até lá, vai continuar trazendo carros da China.

Disputas à parte, não são apenas os zero-quilômetro que chamam atenção dos brasileiros. Uma pesquisa da Webmotors destacada pelo Estadão mostra um crescimento de 143% na procura por modelos elétricos usados em setembro, em comparação a igual mês do ano passado. Também houve aumento de 77% na procura por veículos elétricos 0km na plataforma no mesmo período.

Em tempo: O Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV (FGVces) e a UNICAMP vão trabalhar em parceria para avaliar a pegada de carbono de veículos leves tipo automóveis fabricados no Brasil. O objetivo é quantificar os impactos da produção de automóveis, desde a extração da matéria-prima até a fabricação nas montadoras, além de mapear as principais fontes de emissões de gases de efeito estufa (GEE) e como reduzi-las, explica a epbr. Também será feito um benchmarking internacional, comparando a produção brasileira de veículos com a de outros países, para identificar as diferenças.

 

ClimaInfo, 31 de outubro de 2023.

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