América Latina e Caribe podem ter papel essencial na transição energética global, diz IEA

energia América Latina e Caribe
DNV

Com vastos recursos e fortes credenciais de energia limpa, região tem potencial para impulsionar mudanças no planeta, diz primeira análise aprofundada da agência sobre ALC.

Num momento de crescente incerteza geopolítica e, simultaneamente, aceleração da transição energética, a região da América Latina e Caribe (ALC) pode ser um exemplo no setor energético global. Isso porque a região tem uma extraordinária oferta de recursos energéticos e minerais, assim como um histórico de liderança em energia limpa, aponta o inédito relatório “Latin America Energy Outlook 2023”, da Agência Internacional de Energia (IEA, sigla em inglês). O documento abarca toda a gama de combustíveis e tecnologias energéticas em todos os 33 países da ALC.

O documento destaca que a ALC já tem um dos setores de eletricidade mais limpos do mundo, com as fontes renováveis, lideradas pelas hidrelétricas, respondendo por 60% da geração de energia elétrica – o dobro da média global. Além de pródiga em possibilidades para as energias eólica e solar, a região também é grande produtora de biocombustíveis e se destaca no uso da bioenergia.

Segundo a IEA, 15% das reservas mundiais de petróleo e gás fóssil estão na ALC. Além disso, a região detém grandes reservas de minerais considerados críticos para a transição energética. Metade do lítio do planeta está na região, e mais de um terço das reservas de cobre e prata.

Mas nem tudo são flores. O relatório revela uma lacuna substancial na implementação de políticas. Dezesseis dos 33 países da região se comprometeram a atingir emissões líquidas zero até meados do século ou antes, e a maioria apresentou Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) mais ambiciosas vinculadas ao Acordo de Paris. No entanto, a região deve continuar usando combustíveis fósseis em grande parte de suas necessidades energéticas, especialmente no transporte rodoviário, enquanto o progresso para energia limpa deve permanecer limitado. Sem falar nos planos de Brasil e Guiana de ampliarem substancialmente sua produção de petróleo.

A agência também afirma que o investimento na região também precisa crescer substancialmente. Para cumprir as promessas de redução de emissões, o financiamento a projetos de energia limpa precisa dobrar até 2030, para US$ 150 bilhões, e quintuplicar até 2050. Assim, a proporção de investimento em fontes limpas em relação aos combustíveis fósseis sem abatimento de emissões sobe de cerca de 1:1 hoje para 4:1 na década de 2030.

Canal Energia, Brasil Energia, Valor e Oilprice.com noticiaram pontos do novo documento da IEA sobre América Latina e Caribe.

 

ClimaInfo, 9 de novembro de 2023.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.