Projetos de energia verde causam racha na cúpula da Petrobras

Petrobras energia verde
Tânia Rêgo/Agência Brasil

Se os primeiros anúncios da petroleira relativos a fontes renováveis deixaram bastante a desejar, há integrantes do Conselho que defendem ainda menos investimentos nestas fontes.

Desde o início do governo Lula, o comando da Petrobras fala de entrar de vez na transição energética, ampliando investimentos em fontes renováveis. Até agora tudo está no terreno das promessas, já que as maiores apostas da petroleira no segmento se referem a eólicas offshore e hidrogênio verde, que nem regulamentação têm. O cenário que já não era bom pode piorar.

A estatal está finalizando seu Plano de Negócios 2024-2028 – no qual já havia prometido aumentar para 15% do investimento total os recursos para renováveis, que no plano atual respondem por 6%. No entanto, segundo O Globo, parte de seu Conselho de Administração defende que a Petrobras destine menos dinheiro para estas fontes de energia – e mais para petróleo e gás. A desavença ganhou tanta dimensão que será levada ao presidente Lula.

O questionamento vem até de integrantes do CA indicados pelo governo. Um conselheiro chegou a classificar a produção de hidrogênio como “bobagem” e afirmou que “ventilador no mar é inviável”, se referindo aos planos de investimentos da empresa em projetos eólicos offshore. Conselheiros indicados por acionistas minoritários defendem a importância das fontes renováveis de energia, mas pedem cautela quanto à viabilidade econômica dos projetos.

Diante das divergências cada vez mais frequentes no colegiado, ficou acertado que a diretoria alteraria a forma como as renováveis serão destacadas no novo plano. A Petrobras estuda separar um determinado volume de recursos por segmento, como solar, hidrogênio, eólica em terra e eólica offshore.

A repercussão do impasse fez com que a Petrobras emitisse um comunicado ao mercado, relata o InfoMoney. Mas a petroleira se limitou a dizer que seu plano está em construção, que ainda precisará ser aprovado pela Diretoria Executiva e pelo CA e que seus elementos “visam preparar a Petrobras para um futuro mais sustentável, na busca por uma transição energética justa e segura no país, conciliando o foco atual em óleo e gás com a busca pela diversificação de nosso portfólio em negócios de baixo carbono”. O blablablá de sempre.

Em tempo: “Petróleo não é o negócio do Pará”. Foi o que disse o governador do estado, Helder Barbalho, sobre a exploração de combustíveis fósseis na Amazônia, em entrevista a Roberto D’Ávila na Globo News. Segundo o g1, Helder enfatizou que a escolha e a vocação do Pará são a pecuária e a agricultura, além da mineração. O governador disse que a decisão de explorar ou não petróleo na região é decisão do Estado brasileiro, mas que “se não for abertamente correto, vira-se a página e nem se discute, porque nós não vamos admitir qualquer iniciativa, mesmo de pesquisa, que esteja incompatível com a gestão ambiental. Acima de tudo, petróleo não é a agenda da Amazônia. A agenda da Amazônia é floresta”. Vale lembrar que há poucos meses Helder defendia a exploração de petróleo na região da Foz do Amazonas.

 

ClimaInfo, 9 de novembro de 2023.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.