Governo quer usar recursos do Fundo Amazônia contra queimadas

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Bruno Kelly/Amazônia Real

Presidente do IBAMA, Rodrigo Agostinho, admite que a estrutura de combate aos incêndios e a resposta à crise na região amazônica ainda não são suficientes.

Com queimadas batendo recordes no Amazonas e no Pará, o governo federal quer usar recursos do Fundo Amazônia para frear o avanço do fogo na floresta. Para isso, o IBAMA prepara um plano de financiamento para ampliar as ações não apenas de combate aos incêndios, mas também ao desmatamento.

De acordo com o presidente do órgão ambiental, Rodrigo Agostinho, o projeto ainda está sendo finalizado e deve ser submetido ao Fundo Amazônia até o fim do ano, informam Estadão e Poder 360. O problema, ressaltam especialistas ouvidos pelo Estadão, é a urgência de conter o avanço do fogo e também resolver outros problemas relacionados à seca extrema que assola a região – e que tende a se tornar cada vez mais comum diante das mudanças climáticas.

“A Amazônia está passando por duas coisas até pouco tempo atrás inimagináveis: populações não terem água na maior bacia hidrográfica do mundo e não conseguirem respirar na maior floresta tropical do mundo. Não tem água e não tem ar num lugar que teria ar muito puro e água muito limpa”, diz a bióloga Erika Berenguer, em relato no Observatório do Clima. Erika, pesquisadora da Universidade de Oxford focada em queimadas e incêndios florestais, está em trabalho de campo no Pará desde setembro e vem sentindo na pele e nos pulmões o cotidiano sufocante das populações rurais da região, destaca o Pará Terra Boa.

O presidente do IBAMA reconheceu que a estrutura de combate ao fogo e a resposta à crise provocada pela estiagem na Amazônia não são suficientes. O órgão diz ter dois helicópteros próprios operando na área e auxílio de equipamentos das Forças Armadas para deslocar equipes e materiais. “Obviamente a gente tem de ter estruturas melhores. Ter mais aeronaves de combate a incêndio”, pontuou.

A capital do Amazonas, Manaus, tornou-se símbolo dos efeitos nefastos dos incêndios criminosos na Amazônia. Encoberta por fumaça desde agosto, a cidade registrou um pico de poluição na 2ª feira (6/11), segundo o INPE. Com o nível de poluição na data, o sensor não conseguia nem diferenciar fumaça e nuvens, detalha o g1.

Sofrendo com um ar quase irrespirável, a população manauara resgatou as máscaras que usou durante a pandemia de COVID-19, em 2020 e 2021, para tentar resistir à fumaça dos incêndios. Como mostra a Agência Pública, a capital amazonense chegou a ser a 3ª pior cidade do planeta em qualidade do ar. Em outubro, o ar da cidade foi considerado bom em apenas um dia.

Em tempo: Após semanas sofrendo com calor, seca extrema, fumaça e ainda ser invadida por uma incomum tempestade de areia, Manaus foi atingida por um temporal na madrugada de 3ª feira (7/11) que causou prejuízos à população ao longo do dia, com 49 mil residências sem energia elétrica na capital e Região Metropolitana, relata a Agência Cenarium. Os ventos fortes derrubaram árvores e galhos sobre a rede elétrica, além de postes, e destelharam casas.

 

ClimaInfo, 9 de novembro de 2023.

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