Empresa canadense joga pesado para convencer indígenas do Povo Mura a autorizarem projeto de exploração de potássio em Autazes (AM) e rejeitarem demarcação de terra.
Segue a novela em torno do polêmico projeto de uma mineradora canadense para explorar potássio nas proximidades de uma Terra Indígena em processo de demarcação na região de Autazes, no Amazonas. No capítulo mais recente, o presidente da Potássio do Brasil, Adriano Espeschit, prometeu a representantes do Povo Mura a compra de 5 mil hectares de terra em troca da aprovação do projeto pelos indígenas.
A Folha divulgou trechos de uma fala de Espeschit em uma reunião com indígenas Mura no dia 22 de setembro passado. O executivo fez a oferta de novas áreas como um argumento para convencer o grupo a se posicionar contra o processo de demarcação do território, aberto pela FUNAI em agosto passado. Segundo ele, a demarcação da terra e a exploração de potássio não podem acontecer ao mesmo tempo – o que sugere ciência dos potenciais impactos negativos do empreendimento sobre o território.
“Vocês aprovando esse projeto, não pode haver criação de Terra Indígena. Porque aprovar e criar uma Terra Indígena vai inviabilizar [o projeto] do mesmo jeito. (…) Estamos assumindo o compromisso de comprar 5 mil hectares, e esses 5 mil hectares estariam disponíveis para programas a partir de hoje, se vocês votarem favorável”, disse Espeschit.
O executivo também afirmou que o território poderia se tornar Terra Indígena depois da exploração de potássio. “O direito de vocês é adquirido. É só uma postergação de tempo. Vai continuar sendo possível, depois que a empresa terminar os 23 anos, ou os 34 anos”, disse.
Na semana passada, a Justiça Federal do Amazonas suspendeu o processo de licenciamento ambiental do empreendimento da Potássio do Brasil em Autazes, a pedido do Ministério Público Federal (MPF). A decisão reverte uma determinação anterior da Presidência do Tribunal Regional Federal da 1a Região (TRF-1) que tinha autorizado a condução do licenciamento pelo governo do Amazonas.
De acordo com o MPF, a conduta da Potássio do Brasil no processo de licenciamento tem se refletido em “graves violações e irregularidades”, com os indígenas Mura sendo alvo de pressões, ameaças e cooptação pela empresa. Brasil de Fato e g1 deram mais informações.
ClimaInfo, 23 de novembro de 2023.
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