COP28 tem sete lobistas dos combustíveis fósseis para cada indígena

COP28 mais lobista que índigenas
UNFCCC Flickr / COP28 / Christopher Edralin

Para Brenna Two Bears, coordenadora líder da Rede Ambiental Indígena, conferência não vai tomar medidas verdadeiras para enfrentar a crise do clima com essa configuração.

A COP28 é uma “festa” da indústria dos combustíveis fósseis. A conferência do clima realizada num Petroestado membro da OPEP e presidida pelo CEO de uma petroleira tem pelo menos 2.456 nomes credenciados que são ligados à indústria dos combustíveis fósseis credenciados, mostrou a coalizão “Kick Big Polluters Out”.

Quando se compara esse número com a quantidade de representantes de Povos Indígenas que participam oficialmente do evento – 316 –, vê-se que há alguma coisa bastante fora da ordem: 7,7 lobistas fósseis para cada indígena.

O Observatório do Clima afirma que a grande presença de lobistas fósseis na COP28 segue uma “tradição amarga” entre as conferências do clima da ONU. Com essa configuração, a conferência não tomará medidas verdadeiras para enfrentar a crise do clima, destaca Brenna Two Bears, coordenadora líder da Rede Ambiental Indígena, dos Estados Unidos.

“Isso é evidente na forma como a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima permite quase oito vezes mais crachás para lobistas de combustíveis fósseis do que para delegados indígenas do Fórum Internacional dos Povos Indígenas sobre Mudanças Climáticas”, reclama.

A diferença é ainda gigante apesar de ter havido alguns ganhos para os Povos e Populações Tradicionais. Como mostra o Um só planeta, a participação indígena na conferência deste ano aumentou e, pela primeira vez, os Povos Originários conquistaram o seu próprio pavilhão, além de terem destaque em um dia temático. No caso do Brasil, a presença indígena é a maior de todas as COPs, e a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, presidiu a delegação brasileira na conferência, a primeira vez que uma pessoa representante dos Povos Originários tomou essa posição.

Ao mesmo tempo em que ganham protagonismo inédito, os Povos Indígenas ainda veem sua participação efetiva nas discussões e decisões com limitações. Além disso, para os Povos Originários, não basta estar em espaços como a COP. É preciso que os processos – e a linguagem utilizada – sejam claros e inclusivos.

 

ClimaInfo, 8 de dezembro de 2023.

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