De saída, John Kerry não vê risco de Trump travar transição energética nos EUA

John Kerry negacionismo climático
Ralph Alswang / Center for American Progress Action Fund Flickr

“Czar climático” do governo de Biden, Kerry avisou que se afastará do posto na Casa Branca para atuar na campanha pela reeleição do presidente norte-americano

Principal nome do governo dos EUA para as negociações internacionais sobre o clima, John Kerry está se afastando da posição de enviado especial da Casa Branca. A decisão foi anunciada na semana passada pela imprensa norte-americana e confirmada ontem (17/1) pelo ex-secretário de estado em Davos, na Suíça, onde participa do Fórum Econômico Mundial.

A saída de Kerry marca uma mudança importante no alto escalão da diplomacia dos EUA para a agenda climática. Veterano das negociações do Acordo de Paris na década passada, Kerry foi um importante interlocutor internacional nos últimos anos e um dos responsáveis pela reaproximação diplomática entre EUA e China nas conversas sobre clima.

A saída de Kerry era esperada entre diplomatas e observadores das negociações climáticas. Além da idade (80 anos completados durante a COP28 de Dubai, em novembro passado), a proximidade das eleições presidenciais de 2024 também teve peso na decisão. Em Davos, o ex-secretário de estado afirmou que não pretende se aposentar e indicou que deve se envolver ativamente na campanha pela reeleição do presidente Joe Biden em novembro.

“Não vou me aposentar. Estou transferindo meus esforços para onde acho que eles podem ser melhor utilizados em um ano eleitoral nos EUA e enfrentando o fato de que o Congresso não vai (…) pegar esse bastão”, disse Kerry, citado pelo site The Hill.

A disputa pela Casa Branca caminha para uma reedição do confronto de 2020 entre o democrata Biden e seu antecessor, o republicano (e über-negacionista climático) Donald Trump. Mesmo com o risco de um retorno do ex-presidente ao comando dos EUA, Kerry argumentou que nem uma eventual vitória republicana conseguirá conter o processo de transição energética que já está acontecendo. “Esta revolução econômica está em curso e é muito maior do que qualquer político, qualquer pessoa”, disse.

Sobre os sucessores de Kerry como “czar climático” dos EUA, o site POLITICO especulou alguns nomes potenciais, como os adjuntos de Kerry, Rick Duke e Sue Biniaz, o governador Jay Inslee (Washington) e o ex-assessor político do governo Obama, John Podesta. Nenhum deles tem o prestígio e a experiência de Kerry, o que pode ser um desafio para a liderança norte-americana nas negociações climáticas de 2024.

Axios, Bloomberg, Financial Times, Reuters e RFI, entre outros, destacaram a saída de Kerry e as perspectivas dos EUA para a agenda climática global.

 

ClimaInfo, 18 de janeiro de 2024.

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