Árabia Saudita surpreende e suspende aumento da produção de combustíveis fósseis

Arábia Saudita
Divulgação Aramco

Maior produtor mundial de petróleo, país pressionou negociações na reta final da COP28 para não incluir eliminação dos combustíveis fósseis no texto do Global Stocktake.

No apagar das luzes da COP28, integrantes do governo da Arábia Saudita, o país com maior produção de petróleo e uma das maiores reservas do planeta, partiram para Dubai e jogaram pesado contra qualquer menção a phase-out (eliminação gradual ou progressiva) ou phase-down (redução gradual) de combustíveis fósseis no texto do Global Stocktake (GST) que seria aprovado na conferência do clima. Assim, o máximo que se conseguiu no documento foi um “transition away” (afastar-se dos combustíveis fósseis). Isso fez com que o ministro saudita da Energia, Abdulaziz bin Salman, afirmasse que o principal acordo da COP28 para a transição dos combustíveis fósseis era apenas uma das várias “opções” de “menu à la carte”.

Por isso, o mercado foi surpreendido na 3ª feira (30/1), quando a Saudi Aramco, estatal petrolífera do país, anunciou que está interrompendo o projeto de aumento de sua capacidade de produção de petróleo bruto de 12 milhões para 13 milhões de barris por dia até 2027. A companhia não deu explicações.

No comunicado ao mercado, a Saudi Aramco informou que recebeu ordens do Ministério da Energia saudita para manter a sua Capacidade Máxima Sustentável (MSC, sigla em inglês) nos níveis atuais. Por isso, destaca o Guardian, a decisão lançou dúvidas sobre o futuro do mercado petrolífero global. Ainda mais por ter ocorrido semanas após um relatório da Agência Internacional de Energia (IEA, sigla em inglês) ter indicado que o pico mundial na demanda por petróleo poderia ocorrer antes do final desta década.

A Arábia Saudita liderou um grupo de vozes na OPEP+ que insistiram numa estratégia de transição energética que utilize petróleo e gás até que os recursos renováveis ​​sejam suficientes para satisfazer a demanda global, explica o CNBC. Os críticos chamam de egoísta essa decisão dos produtores de combustíveis fósseis, que têm tido lucros imensos desde que as sanções de Europa e Estados Unidos cortaram o acesso ao petróleo russo, após a invasão da Ucrânia.

Embora possa parecer uma mudança de rumo do Petroestado quanto à produção de combustíveis fósseis, é preciso ter cautela no otimismo, lembra o New York Times. “A Aramco está tendo espaço para desacelerar”, disse Richard Bronze, chefe de geopolítica da empresa de pesquisa Energy Aspects. Essa margem de manobra, disse ele, permitiria à estatal escolher quando quer gastar dinheiro no desenvolvimento de novos campos petrolíferos, em vez de fazê-lo quando os custos estão elevados.

O corte na expansão da produção da Saudi Aramco também foi destaque no Financial Times, Wall Street Journal, France24, Bloomberg, Reuters e AP.

 

ClimaInfo, 31 de janeiro de 2024.

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