Efeitos econômicos de grave seca no Nordeste preocupam o governo federal

seca Nordeste
Allan Lira/Folhapress

Estudo de órgãos climáticos do governo apontou um agravamento da seca no 1º trimestre, e níveis dos principais reservatórios da região estão abaixo de 50%.

As mudanças climáticas já fizeram surgir no Nordeste a região árida do Brasil, uma área no centro-norte da Bahia de quase 6 mil km2, equivalente ao tamanho do Distrito Federal. Agora a crise climática, somada ao El Niño, ameaça agravar a seca que atinge o território nordestino, com grandes impactos sociais e econômicos.

Preocupado com os efeitos da estiagem no Nordeste e também no norte de Minas Gerais – a região mais pobre do estado –, o presidente Lula pediu a pelo menos seis ministérios um plano contra a seca. Além dos efeitos diretos à população, a escassez de água pode afetar também a atividade econômica da região, explica a Folha. Situação que também preocupa governadores e prefeitos, ainda mais por 2024 ser ano de eleições municipais.

Desde outubro, o governo vem adotando medidas para mitigar os efeitos da seca. No fim de dezembro, um estudo de órgãos climáticos do governo indicou que deve haver um agravamento da seca neste trimestre, principalmente no norte do Nordeste. Além disso, concluiu que os principais reservatórios da região “também perderam armazenamento, atingindo volume equivalente de 41,9%”.

O Ministério do Desenvolvimento Agrário, que se ocupa principalmente da agricultura familiar, foi o primeiro a acender o alerta e buscar medidas contra a crise. Agora as ações passaram a ser coordenadas pela Casa Civil, que cuida das prioridades para Lula.

A Caatinga é bem adaptada a altas temperaturas e à escassez de água do semiárido nordestino. Contudo, nas últimas décadas, a falta de chuvas por períodos ainda mais prolongados tem alterado a paisagem de forma acelerada.

Esse impacto fez com que a área no centro-norte da Bahia fosse classificada, pela primeira vez na história, como árida. Um alerta de risco para o clima de todo planeta e de urgência para que o poder público atenda aos milhões de brasileiros que vivem na região, reforça Natuza Nery no podcast O Assunto

Para contar o que está acontecendo na região por causa do clima, Natuza conversou com Fábio dos Santos Paiva, presidente da Associação de Agricultores do Frade, do município de Curaçá, norte da Bahia, e Humberto Barbosa, professor e pesquisador especialista em desertificação da Universidade Federal de Alagoas.

Em tempo 1: Diante das dificuldades e das perdas dos produtores rurais por causa das chuvas extremas no Sul e da seca severa no Norte e no Nordeste, o ministério da Agricultura prepara um plano de ajuda que deverá conter uma linha de crédito em dólar e com juros reduzidos no BNDES e a prorrogação de parcelas de contratos que são subsidiados pelo Tesouro Nacional. Em reunião na manhã de ontem (30/1) com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), a pasta apresentou um diagnóstico do setor. No entanto, segundo a Folha, não há prazo para implementação das propostas, que dependem de cálculos da Fazenda e de aval do Palácio do Planalto.

Em tempo 2: Além de afetarem o campo, as mudanças climáticas são um desafio cada vez maior para as áreas urbanas, particularmente quanto às ondas de calor, mais frequentes e intensas. Carlos Bocuhy, presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental (PROAM), reitera, em artigo n’((o))eco, que as metrópoles brasileiras vão necessitar urgentemente de adaptação, com medidas que possam proporcionar maior conforto térmico para salvaguardar do risco do calor extremo os mais vulneráveis, os mais atingidos pelas altas temperaturas. “Dados atuais da OMS apontam que, a cada décimo de grau celsius de acréscimo [na temperatura], o nível de exposição global passará a incluir nada menos do que mais 120 milhões de pessoas. Temos milhões de razões para agir”, reforça o especialista.

 

ClimaInfo, 31 de janeiro de 2024.

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