Uma análise da Fiocruz mostrou uma concentração muito alta de mercúrio no organismo de indígenas Munduruku; a contaminação está diretamente relacionada com o garimpo ilegal.
Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) descobriram que a concentração de mercúrio no organismo de indígenas do povo Munduruku, que vivem em áreas disputadas com o garimpo ilegal no Pará, estão contaminados com “níveis alarmantes” de mercúrio em seus organismos.
A contaminação acontece por causa do consumo de água e alimentos, em especial peixe. O mercúrio utilizado no garimpo é a única fonte possível de contaminação, o que evidencia como a atividade ilegal está prejudicando as condições de vida das comunidades indígenas da Terra Munduruku.
Os indígenas começam a sentir os efeitos da intoxicação por mercúrio. “A gente começou a notar assim, alguns sintomas de criança, com dificuldade de se movimentar, [de] mobilidade, doenças que vinham apresentando e a gente não sabia o que era”, disse o cacique Jairo Saw Munduruku ao Jornal Nacional (TV Globo).
As crianças são as mais prejudicadas. “O que mais assustou era que as mulheres que estavam mais contaminadas. E muitas mulheres, o próprio médico falava, que o leite materno das mulheres que amamentava, que estava contaminando também as crianças”, afirmou a líder indígena Alessandra Korap.
O estudo da Fiocruz analisou amostras de cabelo dos indígenas. Em alguns casos, os níveis de concentração de mercúrio foram o dobro daquele considerado seguro para a saúde humana de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Em um dos indígenas, a amostra foi ainda mais preocupante, com a concentração três vezes acima do patamar aceitável.
A Terra Munduruku é a segunda com maior incidência de garimpo ilegal no Brasil, atrás apenas da Terra Yanomami, que sofre com uma grave crise humanitária causada pela atividade criminosa.
A Globonews e a TV Cultura também destacaram a análise.
Em tempo 1: A Folha informou que o comandante do Exército, general Tomás Paiva, está analisando a possibilidade de aumentar o efetivo militar permanente na Amazônia em cerca de 3 mil homens. O número representaria um aumento de quase 10% no contingente hoje instalado em toda a região. Se a ideia vingar, ela não sairá do papel rapidamente, já que depende de diversos fatores, entre eles disponibilidade orçamentária e o efetivo total do Exército. A ideia surge em um contexto de críticas acentuadas às Forças Armadas por sua omissão nos esforços do governo federal para combater o garimpo e proteger os indígenas na Terra Yanomami.
Em tempo 2: Indígenas identificaram uma “clareira” dentro da Terra Karipuna, em Rondônia, provavelmente aberta por madeireiros e grileiros para criar gado e fazer plantio. De acordo com o g1, a área desmatada fica a cerca de 3 km da divisa do território, demarcado e homologado pelo governo federal nos anos 1990. O Povo Karipuna vem denunciando a ação cada vez mais explícita de invasores dentro de sua Terra, principalmente para retirada de madeira e peixes e, mais recentemente, ocupação agropecuária.
ClimaInfo, 6 de fevereiro de 2024.
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