TSE: candidaturas indígenas aumentam, mas representatividade ainda é baixa

TSE candidaturas indígenas

No Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas, o TSE fez um balanço das candidaturas indígenas, que cresceram entre 2016 e 2020, mas continuam escassas.

Um levantamento feito pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostrou que a representação indígena na política brasileira, especialmente no nível municipal, ainda é baixa. Apesar do número de candidaturas indígenas terem aumentado significativamente entre as eleições de 2016 e 2020, as comunidades indígenas seguem sub-representadas nos Executivos e Legislativos municipais.

Em 2020, o Brasil teve 1.721 candidaturas de pessoas que se autodeclararam indígenas, número 11% superior ao registrado quatro anos antes (1.546). O Amazonas foi o estado com a maior quantidade de candidatos indígenas nas últimas eleições municipais, com 467 concorrentes, seguido pelo Mato Grosso, com 202 candidaturas. Percentualmente, os estados de Roraima e Rio Grande do Sul tiveram os maiores saltos no pleito passado, com crescimento respectivo de 191% (de 12 para 35 candidatos) e 108% (58 para 121).

No entanto, a representatividade indígena no poder público ainda é diminuta. Em 2020, somente 9% dos candidatos indígenas foram eleitos para as Câmaras Municipais, o que equivale a 181 vereadores indígenas em todo o país. Oito indígenas foram eleitos prefeitos na última eleição municipal, com 12 indígenas vice-prefeitos. CNN Brasil e Correio Braziliense repercutiram o levantamento.

Os dados do TSE foram divulgados nesta 4ª feira (7/2) para marcar o Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas, um dos setores da população brasileira que mais sofreu com os retrocessos políticos da última década. Mesmo com a retomada do diálogo político com o governo federal no último ano, sob a gestão do presidente Lula, os desafios persistem, especialmente no Congresso Nacional.

Parlamentares contrários aos interesses indígenas continuam usando seu poder para “tratorar” os Direitos dos Povos Originários, como ficou evidente com a aprovação recente do marco temporal para restringir a demarcação de Terras Indígenas.

“Estamos vivendo um cenário de enfrentamentos no Legislativo e no Judiciário, pois as ameaças ainda permeiam a política indigenista brasileira, impedindo, por exemplo, o governo atual de avançar nas políticas de demarcação e proteção das Terras Indígenas”, afirmou Kleber Karipuna, coordenador da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), ao Brasil de Fato.

Em tempo: A Polícia Federal prendeu na última 3ª feira (6/2) um servidor comissionado da Secretaria Estadual de Saúde de Roraima suspeito de desviar medicamentos destinados ao Povo Yanomami. O suspeito, Harrison Moraes da Silva, foi detido na própria secretaria, em Boa Vista. A prisão aconteceu uma semana depois da Polícia Civil de RR descobrir vários remédios vencidos em uma casa abandonada, alguns com indício de que seriam queimados. O caso aconteceu no âmbito da Operação Yoasi, que investiga um esquema de desvio de recursos públicos federais do Departamento de Saúde Especial Indígena Yanomami (DSEI-Y) envolvendo agentes públicos e empresários. CNN Brasil, g1, SBT e UOL deram mais informações.

 

 

ClimaInfo, 08 de fevereiro de 2024.

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