Incêndios no Chile, tempestades na Califórnia, seca na Espanha: as várias facetas do clima extremo

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El Nacional @elnacionalpy

Efeitos da crise climática, eventos extremos estão mais frequentes em várias partes do planeta e deixam um rastro de mortes, desalojamentos, destruição e prejuízos econômicos.

Temperaturas acima da média, mesmo para o verão no Hemisfério Sul, alimentaram os incêndios florestais que devastaram Viña del Mar, no Chile, e mataram mais de 130 pessoas. Nos Estados Unidos, na Califórnia, seis pessoas morreram após tempestades e ventos fora do normal atingirem várias partes do estado. Do outro lado do Oceano Atlântico, a Catalunha, na Espanha, vive a pior seca de todos os tempos, que já gerou um alerta nas autoridades locais para a possibilidade de não chover nos próximos meses, o que vai exigir importação de água.

Há algumas décadas, situações como essas eram consideradas “pontos fora da curva” nas análises meteorológicas. Contudo, têm se tornado cada vez mais comuns e intensas. E por mais que fenômenos naturais como o El Niño vez ou outra “baguncem” o clima do planeta quando aparecem, o que vem acontecendo nos últimos tempos tem uma causa maior: as mudanças climáticas, alimentadas principalmente pela queima de combustíveis fósseis. 

No Chile, parte da razão pela qual os incêndios florestais se espalharam numa área tão grande e tão rapidamente foram os ventos fortes. Raul Cordero, climatologista da Universidade de Santiago, explicou que ventos fortes de verão são comuns no centro do país, mas que dessa vez a região sofria com uma onda de calor causada pela mudança climática e pelo El Niño, detalha a Folha. “O que aconteceu na semana passada não é normal”, afirmou.

Além de 131 mortos e 300 desaparecidos, os incêndios na região de Valparaíso devem ter um impacto de mais de US$ 1 bilhão na economia do país, afetando principalmente o turismo e a agricultura, informa o Valor. A tragédia pode ser um dos desastres mais mortais do Chile desde o terremoto de 2010. Com a diferença de que terremotos não são evitáveis, mas mudanças climáticas sim.

A Califórnia, que sofreu temporais nas últimas semanas e registrou pelo menos 6 mortos, segundo a Reuters, deve se preparar para mais chuvas no meio de fevereiro. A Bloomberg informa que o Centro de Previsão Climática dos EUA expandiu a ameaça de fortes precipitações para cobrir todo o estado, bem como partes de Nevada e Arizona de 17 a 21 de fevereiro. Os danos e perdas registrados até agora podem chegar a US$ 9 bilhões ou mais, segundo a AccuWeather.

O sinal da crise climática nas fortes chuvas na Califórnia é o fato de que o Oceano Pacífico vem registrando temperaturas extraordinariamente altas. Esse aquecimento das águas alimentou os rios atmosféricos, que se converteram em tempestades, que começaram no sábado (3/2), detalha o New York Times.

Na Espanha, a estiagem extrema fez autoridades da região nordeste da Catalunha declararem emergência na 5ª feira retrasada (1/2). Os reservatórios que servem 6 milhões de pessoas, incluindo a população de Barcelona, ​​estão com menos de 16% da sua capacidade, um mínimo histórico, de acordo com o Euronews. “Estamos entrando numa nova realidade climática”, disse o presidente regional catalão, Pere Aragonès, ao anunciar a emergência.

A Al Jazeera chama atenção para a Fonte Mágica, atração turística popular de Barcelona, onde jatos coloridos de água subiam no ar enquanto tocavam músicas clássicas ou pop. Mas isso não acontece mais. O espetáculo musical gratuito, que funcionava há quase cem anos, é outra vítima do que as autoridades catalãs descreveram como a “pior seca de todos os tempos”.

Os eventos climáticos extremos e seus efeitos no Chile, na Califórnia e na Espanha foram amplamente repercutidos por Folha, Reuters, AP, Financial Times, AP, ((o))eco, AP, Bloomberg, New York Times, Washington Post, Reuters e AP.

 

ClimaInfo, 9 de fevereiro de 2024.

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