Biden adia implementação de novos limites de poluentes para veículos a combustão nos EUA

Biden carros elétricos
Reprodução vídeo FoxNews

Pressionada por montadoras e sindicatos, a Casa Branca decidiu flexibilizar alguns itens de sua estratégia para impulsionar a adoção de carros elétricos nos Estados Unidos.

Em uma concessão às montadoras e aos sindicatos de trabalhadores do setor, o governo de Joe Biden decidiu adiar a aplicação de novos limites de poluentes para veículos a combustão nos EUA. Ao invés de impor as novas restrições nos próximos anos, a Casa Branca dará mais tempo para a indústria automobilística reduzir as emissões de seus produtos, adiando-as para depois de 2030. 

A medida não é gratuita. Ao mesmo tempo em que Biden tenta destacar suas credenciais verdes para as eleições presidenciais de novembro, ele também é pressionado por montadoras e sindicatos a aliviar a pressão dessas transformações. Enquanto as empresas ressaltam que a demanda por carros elétricos ainda é baixa nos EUA, os trabalhadores temem que o impulso à eletrificação da frota automobilística do país resulte em uma queda dos postos de trabalho no setor.

Como o NY Times observou, esse dilema vem sendo explorado pelo principal adversário de Biden nas eleições deste ano, o ex-presidente Donald Trump. Bem ao estilo “fale qualquer coisa e dane-se se é verdade”, que lhe é característico, Trump tem falsamente afirmado que os carros elétricos “não funcionam”, além de prometer acabar com as políticas atuais da Casa Branca em seu hipotético primeiro dia de governo (toc… toc… toc…).

A meta do governo Biden continua sendo a de elevar as compras de carros elétricos para 67% dos novos veículos comercializados em 2032, bem acima dos 7,6% registrados no ano passado. O que muda é a maneira como esse objetivo será buscado: as restrições para emissão de poluentes, vistas como uma arma importante para reduzir a venda de carros a combustão, serão aplicadas de forma mais gradual até o final desta década, e de modo mais acentuado a partir de 2030.

A mudança representa um recuo político da Casa Branca em sua estratégia de transição verde. Depois de aprovar o primeiro pacote de medidas climáticas da história dos EUA, Joe Biden vem se equilibrando entre as pressões de ativistas climáticos, que defendem ações mais ambiciosas, e atores políticos importantes, como os sindicatos da indústria automotiva, centrais para a reeleição do democrata em estados como Michigan e Pensilvânia. Por ora, os grupos mais organizados estão levando a melhor.

Outro ponto que complica a estratégia climática de Biden é o custo atrelado ao pacote climático aprovado em 2022. Segundo estimativas técnicas do Congresso norte-americano, apontadas pelo NY Times, a Lei de Redução da Inflação (IRA) custará US$ 800 bilhões aos cofres públicos do país, entre incentivos e isenções fiscais, mais do que o dobro dos US$ 391 bilhões apontados originalmente.

O argumento dos ativistas climáticos, encampado pela Casa Branca, é que os benefícios da IRA mais do que cobrem esses custos. Isso porque as emissões de carbono evitadas nos EUA ajudariam a conter o aquecimento global e restringiriam os impactos de eventos climáticos extremos. Sem medidas adicionais, o governo estima que os EUA poderão gastar mais de US$ 1 trilhão ao longo de uma década com seguros contra inundações, ajuda humanitária em situação de catástrofe, custos de cuidado de saúde em ondas de calor, entre outros.

Axios, Reuters e Washington Post repercutiram as mudanças na estratégia dos EUA para eletrificar sua frota de carros. Já o Wall Street Journal destacou a revisão do custo da IRA.

 

ClimaInfo, 20 de fevereiro de 2024.

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