Sob pressão política, JPMorgan deixa coalizão global de investidores por metas climáticas

Seguradora JPMorgan problemas com ESG
Divulgação

A coalizão Climate Action 100+, lançada em 2017 para impulsionar investimentos verdes, sofre debandada de gestores de ativos por conta de pressões políticas anti-ESG.

Mais um baque para o mercado de investimentos verdes. A JPMorgan Asset Management confirmou na semana passada sua saída da Climate Action 100+, uma coalizão internacional de gestoras de ativos financeiros que visa impulsionar investimentos com critérios de sustentabilidade e redução de risco associado à mudança do clima.

De acordo com a empresa, que administra US$ 3,1 trilhões em ativos, a decisão se deve à sua estratégia de internalizar a análise sobre risco climático atrelado ao seu portfólio. No entanto, a decisão também se deve à pressão política crescente, especialmente nos EUA, por grupos políticos de direita contrários à agenda ESG. O Financial Times deu mais informações. 

A ofensiva é liderada pelo Partido Republicano, que resiste como a principal força política negacionista nos EUA. Alguns estados governados por republicanos impuseram restrições e processos judiciais pesados contra gestoras de ativos que seguissem políticas ESG em suas decisões de investimento.

A justificativa dos grupos anti-ESG é de que os critérios verdes de investimento prejudicam setores econômicos com grande impacto ambiental e climático, como petróleo e gás, ignorando o retorno financeiro dessas aplicações. A pressão política anti-ESG tem esvaziado os fundos de investimentos sustentáveis, que registraram seu pior ano em 2023, com retirada recorde de US$ 13 bilhões.

“Eu não ficaria surpreso se víssemos mais saídas, especialmente considerando que agora há um custo, como possíveis litígios, que não existia quando as empresas aderiram [à coalizão]”, disse Lance Dial, sócio do escritório de advocacia K&L Gates, à Bloomberg.

Além da JPMorgan Asset Management, outra gestora de ativos, a State Street Global Advisors (SSGA), também confirmou sua saída da CA100+. Ao mesmo tempo, a maior empresa do setor, a BlackRock, reduziu o nível de sua participação na coalizão para seu braço internacional de investimentos, com a holding deixando de fazer parte do grupo.

O vai-e-vem no mercado ESG traz preocupação a analistas financeiros e ativistas climáticos. Como a Bloomberg assinalou, alguns observadores entendem que a decisão de sair da CA100+ seria uma solução política que permitiria a essas empresas manter suas políticas ESG sem se atrelar a iniciativas polêmicas aos olhos dos críticos. Outros são menos generosos e acusam as gestoras de investimento de greenwashing.

O NY Times também analisou o impacto dessa debandada de investidores em iniciativas verdes como CA100+.

 

ClimaInfo, 20 de fevereiro de 2024.

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