Mesmo após chuvas, Pantanal tem rios com nível abaixo da média

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Éder Correia Salomão / Flickr

Desde novembro do ano passado até o início deste mês, a região sofreu com incêndios, e baixo volume das águas amplia área suscetível ao fogo.

Os rios da bacia do Alto Paraguai, responsáveis pelas cheias características do Pantanal, permanecem com nível abaixo da média para o período, mesmo após as chuvas chegarem à região. Um boletim do Serviço Geológico do Brasil (SGB) divulgado na semana passada afirmou que há previsão de mais chuva para as próximas quatro semanas. Mas, diante de eventos extremos causados pelas mudanças climáticas, associadas ao El Niño, a recuperação é uma incógnita.

No calendário habitual, o ciclo de precipitações começa em outubro, com picos em dezembro e janeiro, e se estende até março, no máximo, detalha a Folha. Mas dados do SGB mostram que entre outubro de 2023 e janeiro deste ano choveu 350 mm na bacia do Paraguai, enquanto o esperado para o período eram 570 mm, informa o g1.

Ainda segundo o último boletim do SGB, fevereiro deste ano é um dos piores em alguns locais importantes da principal calha do rio Paraguai, na comparação com igual mês dos anos anteriores. Os níveis estão abaixo da média nos principais afluentes do curso d’água, como o alto Paraguai e o Cuiabá.

A Bacia do Paraguai tem uma área total de 363.445 km² e está localizada entre os territórios de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A bacia abrange o Cerrado e o Pantanal, explica a Agência Cenarium

Em Cuiabá, capital mato-grossense, o rio Paraguai teve uma redução de 28 cm nos últimos dias, alcançando 1,58 m, em comparação com a média histórica de 3,94 m. Em Cáceres, a 220 km de Cuiabá, que sofreu uma enchente em que 7 mil pessoas foram atingidas, houve um aumento no nível do rio, com o nível atingindo 2,14 m. Mesmo assim, é menos da metade da cota esperada para o período, que é 4,32 m.

Desde novembro do ano passado até o início deste mês o Pantanal sofreu com incêndios, e o baixo volume das águas amplia a área que pode ser atingida pelo fogo. Além disso, em algumas estações foram observadas cotas parecidas com anos de secas extremas, o que acende um alerta para os próximos meses.

Em tempo: Sancionada em dezembro do ano passado pelo governador Eduardo Riedel, a Lei do Pantanal (nº 6.160/23) entrou em vigor nesta semana e passa a valer em todo o território pantaneiro sul-mato-grossense. A fiscalização sobre as mudanças na preservação do bioma e as proibições de desmatamento do Pantanal começam a ser feitas via satélite, informa o Correio do Estado. Também foi publicado o Decreto nº 16.388, que regulamenta a lei, e determina que propriedades do bioma flagradas com desmatamento ilegal serão embargadas. A punição será aplicada também para situações que não sejam identificadas por fiscalização in loco, mas por sensoriamento remoto, explica o Campo Grande News. O governo do estado ainda vai publicar um edital com propriedades que estão inseridas na área geográfica de abrangência da lei para que atualizem as informações sobre a propriedade em 180 dias. Os proprietários terão que corrigir o Cadastro Ambiental Rural (CAR) se a área estiver abrangida no Mapa do Bioma Pantanal feito em 2019 pelo IBGE. Correio Braziliense e Midiamax também trataram da entrada em vigor da Lei do Pantanal.

 

 

ClimaInfo, 20 de fevereiro de 2024.

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