Pepita de ouro, desmatamento e sócio garimpeiro: o elo de Valdemar Costa Neto com a mineração

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Valter Campanato / Agência Brasil

Polícia Federal investiga as conexões do presidente do PL, partido de Bolsonaro, com o garimpo ilegal; o político tem ligação antiga com a mineração.

A apreensão de uma pepita de ouro de origem suspeita na casa do ex-deputado Valdemar Costa Neto, presidente nacional do Partido Liberal (PL), devolveu à tona a relação antiga entre o político e o setor da mineração. Ex-sócio de mineradoras, ele chegou a ter uma de suas empresas condenadas por dano ambiental e mantém sociedade com um conhecido defensor do garimpo na região amazônica.

A pepita foi encontrada por agentes da Polícia Federal no último dia 8 no âmbito de uma operação que investiga as conexões do ex-presidente Jair Bolsonaro e seu entorno político com tentativas de golpe de estado depois das eleições presidenciais de 2022. O ouro foi avaliado em R$ 11,6 mil e, de acordo com peritos da PF, possui características que indicam procedência “direta da jazida, sem processamento, típico de atividade de garimpagem”. 

O De Olho nos Ruralistas lembrou a longa trajetória de Costa Neto com a mineração. Os primeiros registros, do começo dos anos 1970, indicam que o pai do político, Waldemar Costa Filho, foi sócio do empresário Fumio Horii em uma empresa que explorava caulim na região amazônica. Em 1996, o político fundou a VCN Mineração, empresa que foi condenada em 2021 pela degradação de uma área equivalente a 28 campos de futebol nas margens do rio Tietê, em Biritiba-Mirim, no interior de São Paulo.

Outra ligação empresarial de Costa Neto é com o militante pró-garimpo Francisco Jonivaldo Mota Campos, vulgo Joni Motta, um dos líderes do movimento “Garimpo é Legal”. Por meio da empresa Reflorestadora Holanda, subsidiária de um grupo holandês, a dupla se associou para um projeto de reflorestamento, mas o negócio não foi adiante depois da matriz europeia ser processada por fraude.

Além das conexões empresariais, o presidente do PL também é próximo de grupos políticos e econômicos que defendem a mineração, especialmente na região amazônica. Um exemplo disso é o empresário Rodrigo Mello, mais conhecido como Rodrigo Cataratas: indiciado em janeiro pela PF sob a acusação de envolvimento em ataques contra veículos do IBAMA em Roraima, ele foi candidato a deputado federal nas últimas eleições pelo partido.

Sem falar, claro, no próprio ex-presidente Jair Bolsonaro. Filiado ao PL desde 2021 e candidato derrotado à reeleição pelo partido na votação de 2022, Bolsonaro se notabilizou pela defesa estridente do garimpo, o que se refletiu no desmonte da fiscalização ambiental. Além da explosão do desmatamento amazônico, essa antipolítica ambiental também resultou em ataques aos Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais, especialmente na Terra Indígena Yanomami.

((o)) eco e UOL também abordaram as conexões de Valdemar Costa Neto com a mineração e o garimpo ilegal.

 

 

ClimaInfo, 20 de fevereiro de 2024.

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