O outro lado da IA: avanços recentes intensificaram consumo de energia e água de data centers

data centers consumo água energia
Canva

Os avanços notáveis recentes da inteligência artificial generativa ocorreram a um alto custo em termos de consumo de energia e de água nos data centers.

Há pouco mais de um ano, o ChatGPT causou um terremoto na internet ao mostrar como a inteligência artificial (IA) pode ser aplicada a diversas áreas com um grau de qualidade que, até poucos anos atrás, era impensável. Dos textos às imagens, e agora aos vídeos, um universo de possibilidades de uso da IA se abriu. 

Esse “admirável mundo novo”, no entanto, tem pelo menos um problema bastante antigo: o alto consumo de energia e de água nos data centers que alimentam essa operação. À medida que as empresas de tecnologia estão embarcando entusiasmadas na era da IA, a pegada de carbono e de água do setor aumenta a um ritmo que pode eliminar qualquer vantagem que essas ferramentas possam trazer aos consumidores em termos de consumo energético e hídrico menor em seu dia-a-dia.

As empresas começam a olhar para esse problema, junto com reguladores governamentais e setoriais. Um exemplo disso é o esforço da Organização Internacional de Normalização (ISO) para desenvolver critérios para a “IA sustentável” ainda neste ano. Segundo a Yale Environment 360, as novas regras da ISO contemplarão normas para medir a eficiência energética, a utilização de matérias-primas, o transporte e o consumo de água, bem como práticas para reduzir os impactos da IA ao longo do seu ciclo de vida, desde a extração de materiais para fabricação dos equipamentos até a eletricidade consumida em sua operação.

Outra iniciativa recente, destacada pela Bloomberg, é um software desenvolvido pelo Google que procura eletricidade limpa em partes do mundo com excesso de sol e vento na rede e, a partir dessas informações, redireciona o uso para os data centers localizados nessas regiões.

De fato, a popularização da IA deve intensificar o consumo de energia nos data centers. Uma estimativa da Agência Internacional de Energia (IEA) prevê que o consumo de eletricidade nos data centers em 2026 será o dobro daquele registrado em 2022 – ou seja, chegará a 1.000 terawatts, aproximadamente o equivalente ao consumo total anual do Japão.

A escalada no consumo de água também preocupa. Uma análise de pesquisadores da Universidade da Califórnia em Riverside (EUA), destacada pelo Financial Times, calculou que o uso mais intensivo da IA aumentaria a captação de água de fontes subterrâneas ou superficiais para entre 4,2 e 6,6 bilhões de metros cúbicos até 2027. Isso representa cerca de metade da quantidade de água consumida pelo Reino Unido todos os anos.

 

ClimaInfo, 27 de fevereiro de 2024.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.